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Violência: Jovens negros são maioria das vítimas no Brasil

De acordo com IPEA e Unicef, 74,4% das vítimas de violência letal no Brasil são negras

Monique Mello - 18/11/2020 10h15 | atualizado em 18/11/2020 12h13

A violência contra jovens negros aumentou consideravelmente Foto: Freepik

No mês da Consciência Negra, a Visão Mundial – que integra a rede World Vision, uma das mais expressivas organizações de ajuda humanitária do mundo, alerta: número de mortes violentas que têm como vítimas meninas e meninos com menos de 18 anos de idade tem aumentado no Brasil.

De acordo com dados do Ipea/Atlas da Violência e Unicef, de 1996 a 2017, 191 mil crianças e adolescentes foram vítimas de homicídio no Brasil. Outro levantamento, do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020, aponta que 74,4% das vítimas de violência letal no Brasil são negras e que 51% foram jovens de até 29 anos. A maioria das vítimas é de homens jovens negros e moradores de periferia.

Para mudar esta realidade, o projeto #EuSintonaPele, do MJPOP (Monitoramento Jovem de Políticas Públicas, da ONG), tem realizado ações de conscientização. Entre 2018 e 2020, o movimento atuou em nove municípios, mobilizando mais de 1.300 jovens e adolescentes e implementando cinco projetos liderados por jovens para a redução de violência em comunidades vulneráveis. Além disso, foram reunidos 38 grupos de adolescentes e jovens com formações nos temas da Segurança Pública, Racismo e Juventude.

A maioria das vítimas é de homens jovens negros e moradores de periferia

– A maioria dos jovens e adolescentes que participam do MJPOP são negros e atuam monitorando políticas públicas nas periferias das grandes cidades. Nos últimos anos, tem aumentado muito a violência contra essa juventude. A partir dessa realidade, surgiu o projeto #EuSintoNaPele para monitorar políticas de segurança pública – explica o Diretor de Advocacy da Visão Mundial, Welinton Pereira.

– Em dois anos, foram alcançados resultados importantes, além da construção de propostas de uma política pública de segurança mais efetiva e que, acima de tudo, conta com a participação popular dos jovens, que são os principais atingidos pela violência e que, portanto, precisam ser ouvidos – completa.


Jovens participam do MJPOP com o movimento #EuSintoNaPele

Os dados são alarmantes e, de acordo com a Visão Mundial, a necessidade de mobilização e protagonismo jovem são cruciais. Levantamento do Ipea aponta a agravante do racismo na questão da violência; de acordo com a instituição, de 2007 a 2017, a taxa de pessoas negras vítimas de homicídio aumentou 33%, enquanto que no mesmo período, entre pessoas não negras, a taxa foi de 3%.

– Ser jovem negro no Brasil é um processo de luta constante. Aqui, se você nasce preto, você nasce com uma sentença. Passar da adolescência e chegar à juventude sem nenhuma experiência de violência é um fato a ser celebrado. Não há como ser um adolescente ou jovem negro no Brasil e não viver com medo – afirma Gabriel Dias, hoje com 25 anos, e que tem atuado junto ao MJPOP desde as primeiras ações do movimento em Salvador (BA), onde vive.

De 2007 a 2017, a taxa de pessoas negras vítimas de homicídio aumentou 33%, enquanto que no mesmo período, entre pessoas não negras, a taxa foi de 3%

Os jovens e adolescentes do MJPOP têm atuado de maneira local para garantir a segurança e condições dignas de sobrevivência, principalmente da população jovem afrodescendente. Já no âmbito nacional, têm trabalhado para a formulação de políticas públicas e de modificações necessárias na legislação para que as juventudes possam usufruir de condições para viver e se desenvolver de forma plena e em igualdade de oportunidades.

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