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Pressão popular dá basta em mostras ofensivas à família

Exposições como Queermuseu foram canceladas após críticas

Gabriela Doria - 05/09/2019 17h04

Se até pouco tempo atrás artistas e centros culturais exibiam qualquer obra artística sob o argumento de que a arte não tem limites, atualmente pode-se dizer que eles estão pensando duas vezes antes de exibir produções que podem ser consideradas ofensivas.

O exemplo mais recente disso foi o cancelamento de uma exposição de desenhos com críticas ao governo federal e ao presidente Jair Bolsonaro. A mostra chegou a ser exibida por menos de 24 horas na Câmara Municipal de Porto Alegre até que a presidente da Casa, Mônica Leal, considerou a mostra ofensiva e mandou suspendê-la.

Queermuseu
Este tipo de decisão, o cancelamento de uma mostra, só foi possível porque, em 2017, um grande movimento popular pressionou pelo fim da exibição da mostra Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira. Ela chegou a ficar em cartaz por um mês no Santander Cultural, em Porto Alegre, quando o centro cultural fechou as portas e cancelou a exibição. Na ocasião, grupos defensores da família consideraram a mostra ofensiva por expor obras que propagavam a blasfêmia, com uso de símbolos católicos, além de estimular a pedofilia e a zoofilia.

Após o fracasso em Porto Alegre, a Queermuseu tentou espaço no Museu de Arte do Rio (MAR), mas foi a exibição foi barrada pelo prefeito Marcelo Crivella. Com a recusa do espaço municipal, foi feito um financiamento coletivo para que a mostra fosse exposta na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, na Zona Sul do Rio, mas também houve rejeição por parte da população.

Performance com artista nu
Menos de um mês após o início da polêmica com o Queermuseu, a performance La Bête, de Wagner Schwartz, se tornou o centro das atenções. Isto porque a performance, feita no Museu de Arte Moderna de São Paulo, trazia Schwartz nu e imóvel no chão, como a própria obra artística. O caso ganhou ainda mais repercussão quando circulou nas redes sociais a imagem de uma menina, que parecia ter menos de 5 anos, tocando os pés dele. Na ocasião, a criança estava acompanhada da mãe. O artista foi acusado de estimular a pedofilia e a sexualização precoce da criança.

A recepção negativa foi tanta que Schwartz e o próprio MAM foram alvos de um inquérito no Ministério Público, acusados de pedofilia. O inquérito foi arquivado, mas depois disso, o MAM passou a proibir o uso de celulares em locais em que o público pode interagir com a obra de arte.

Masp restringe idade
Temendo a mesma reação, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) passou a restringir a classificação etária da exposição Histórias da Sexualidade, que ficou destinada a maiores de 18 anos. Esta foi a primeira vez, em 70 anos, que o Masp tomou esta atitude.

Um mês após a restrição, o Masp voltou atrás e passou a permitir menores de 18 anos acompanhados dos pais.

Católicos e evangélicos se unem
A mostra Faça Você Mesmo Sua Capela Sistina, de Pedro Moraleida, sofreu críticas ao ser exibida no Palácio das Ares, em Belo Horizonte. Isto porque o artista destacava a relação entre sexo e religião e trazia líderes como Fidel Castro e Abraham Lincoln. Moraleida, que morreu em 1999, foi acusado de promover a blasfêmia e a pedofilia.

Já no fim do ano passado, nova pressão de cristãos fez a prefeitura de Caxias do Sul suspender a visita de aluno de escolas municipais à Câmara dos Vereadores, onde estava em exibição a mostra Santificados. Entre as obras estavam imagens de santos da Igreja Católica nus.

A mesma atitude foi tomada pela prefeitura da Serra, no Espírito Santo. Na ocasião, o prefeito Daniel Guerra argumento que o conteúdo não era próprio para crianças.

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