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Praias com óleo visível devem ser evitadas, diz governo do PE

No entanto, especialistas sugerem a interdição de toda faixa atingida

Gabriela Doria - 24/10/2019 12h33 | atualizado em 24/10/2019 20h01

O governo de Pernambuco recomendou que a população evite banho de mar apenas em praias onde a mancha de óleo, que atinge 233 localidades do Nordeste desde o dia 30 de agosto, ainda esteja visível. Biólogos defendem o fechamento imediato das faixas do litoral afetadas até que se faça uma análise química completa da água poluída.

Já foram recolhidas 958 toneladas do produto no litoral pernambucano. A bióloga Mariana Guenther, professora do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Pernambuco, diz que, mesmo sem mancha visível, as pessoas não devem entrar na água.

Ela explica que o material é altamente tóxico e uma parte dele está sedimentado no fundo do mar.

– Os locais precisam ser interditados até que se faça uma análise da água – diz.

Ela declarou que os exames que indicam o índice de balneabilidade das praias, comumente feitos por órgão ambientais, não se aplicam a este caso. A pesquisadora diz que, nestas análises, são levadas em consideração apenas a contaminação da água por coliformes, normalmente oriundos de esgotos.

Mergulhadores localizaram petróleo no fundo do mar e incrustado a recifes de corais na praia do Cupe, vizinha a Porto de Galinhas, maior destino turístico do estado.

O biólogo Clemente Coelho Júnior, também professor da UPE (Universidade de Pernambuco), afirmou que é preciso atuar com rapidez.

– Qualquer governo com bom senso já teria interditado os lugares contaminados. Importante lembrar que não se trata mais de voluntários. São vítimas – declarou.

Ele defendeu uma medida mais eficaz dos governos federal e estadual para proteger a população.

– Não se pode esperar. Precisa fechar as praias até que se faça a análise completa. Chama-se princípio da precaução. Benzeno e hidrocarbonetos estão lá entrando na pele e pulmão das pessoas – afirmou.

Ele alegou que em praias com águas mais calmas, a exemplo de Carneiros, no litoral sul de Pernambuco, onde petróleo em grande quantidade foi removido na semana passada, a probabilidade de contaminação é maior ainda.
Ao passar pelo processo de decomposição, o material poluente também libera gases tóxicos que podem contaminar as pessoas pelas vias aéreas.

– Para manipular o produto, por exemplo, é preciso usar máscaras com filtros. Os gases são muito voláteis, principalmente, nesta temperatura bastante elevada que temos aqui – disse Mariana Guenther.

O secretário André Longo destacou nesta quarta-feira (23) que as pessoas também precisam evitar praias que ainda registram óleo na areia.

– Se houver óleo na areia, evitar o contato com óleo ali na areia – disse.

Ainda nesta quarta-feira, o governo federal reconheceu situação de emergência na cidade de São José da Coroa Grande, no litoral sul de Pernambuco, em decorrência do vazamento de óleo.

A praia do município foi a primeira atingida após o ressurgimento do petróleo no litoral do estado há uma semana. Outras dez cidades pernambucanas também identificaram presença do material poluente em suas praias.

A medida, necessária para o município conseguir recursos federais a serem empregados na limpeza das localidades afetadas e transporte do material removido, foi publicada no Diário Oficial da União.

O petróleo, que até então tinha reaparecido no litoral sul, chegou na manhã desta quinta-feira (24) à Ilha de Itamaracá, no litoral norte do estado de Pernambuco. São manchas menores e mais fragmentadas do que as que reapareceram há uma semana no litoral pernambucano.

Nesta quarta-feira, alguns peixes pequenos foram encontrados mortos nas proximidades do petróleo na praia do Janga, em Paulista, também no litoral norte.

Havia a preocupação de que as manchas chegassem à Praia de Boa Viagem, no Recife. A prefeitura continua mobilizada.
Além de São José da Coroa Grande, Paulista e Itamaracá, o óleo reapareceu nas cidades de Tamandaré, Sirinhaém, Rio Formoso, Barreiros, Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão dos Guararapes.

O governo de Pernambuco anunciou que vai lançar edital no valor de R$ 2,5 milhões para financiamento de pesquisas que vão identificar, entre outras coisas, o nível de contaminação da água do mar. Vão ser selecionados, por meio da Secretaria de Ciência e Tecnologia, 12 projetos.
A Secretaria Executiva de Ressocialização de Pernambuco comunicou que 60 detentos do regime semiaberto estão trabalhando na remoção do petróleo nas praias do Pilar e Jaguaribe, em Itamaracá.

Nesta sexta-feira, o ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antônio, vai visitar a praia de Porto de Galinhas, no litoral sul, a pedido de donos de hotéis e pousadas da região.

*Folhapress

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