Waack critica STF e diz que PGR deu “uma mãozinha” à Corte
Jornalista observou que ministros podem ter reconhecido que "algumas coisas estão indo longe demais"
Marcos Melo - 29/03/2025 18h01 | atualizado em 31/03/2025 12h54

Em seu programa, WW, na CNN Brasil, nesta sexta-feira (29), o jornalista William Waack comentou o recuo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao acatar o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), pedindo prisão domiciliar para a cabeleireira Débora Rodrigues. Ela escreveu a frase “Perdeu, Mané” na estátua da Justiça, em frente à Suprema Corte, em Brasília (DF).
Débora esteve presa por dois anos graças a uma prisão preventiva expedida por Moraes, que chegou a defender, em seu voto, uma condenação de 14 anos de prisão para a cabeleireira.
– O que aconteceu entre sexta-feira da semana passada, na qual o ministro Alexandre de Moraes votou pelos 14 anos de cadeia para Débora, para esta sexta-feira, hoje, quando o mesmo Moraes decidiu mandá-la para casa com tornozeleira eletrônica? – questionou o âncora da CNN.
Em seguida, Waack conjecturou que a decisão pode ser o prenúncio de uma autocontenção da Suprema Corte, produzida por uma ensurdecedora pressão popular e o severo e crescente descrédito do STF ante os cidadãos brasileiros.
– Parece ser o reconhecimento dentro do próprio Supremo que algumas coisas estão indo longe demais – disse Waack.
O apresentador mencionou decisões políticas do STF e a ressonância social delas como “injustiça exacerbada”.
– Débora é um daqueles episódios na política nos quais o que surge no começo como um detalhe, vira o símbolo do todo, no caso, para a imagem do Supremo como instância cujas decisões na luta política acabam percebidas como injustiça exacerbada – declarou.
E continuou sua crítica à mais alta Corte do Brasil, destacando que ela recebeu um socorro da PGR.
– O que está embutido nessa questão é muito mais grave e abrangente. É o perigo de que uma ação que o Supremo pinta como marco na defesa da democracia, é o julgamento dos atos golpistas do 8 de janeiro, que isso acabe, essa ação, acabe transformada em marco de retrocesso democrático. Quem deu uma mãozinha para o Supremo foi a Procuradoria-Geral da República, que pediu que se mandasse o símbolo para casa.
Assista:
Leia também1 Débora deixou a prisão e já está em casa com os familiares em SP
2 Após Débora, Sóstenes pede que PGR reavalie outros casos do 8/1
3 Moraes concede prisão domiciliar a condenado do 8/1 com câncer
4 Barroso sobre Débora dos Santos: Primeiro julga, depois revisa pena
5 Sóstenes Cavalcante sobre STF: “Soltaram por vergonha”