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Sem espaço no partido, Geraldo Alckmin prepara saída do PSDB

Novo partido do político ainda não foi definido

Pleno.News - 23/06/2021 13h44 | atualizado em 23/06/2021 14h19

Alckmin se sentiu desrespeitado por Doria, que sugeriu candidatura como deputado Foto: Agência Brasil/Valter Campanato

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin prepara o anúncio de sua saída do PSDB nas próximas semanas. Políticos de diversos partidos dizem que ele já decidiu que será candidato ao governo de São Paulo mais uma vez, mas agora potencialmente como um dos principais rivais dos tucanos, que ocupam o Palácio dos Bandeirantes desde 1995. O desembarque da sigla não estava nos planos de Alckmin, mas acabou sendo considerada ao longo de 2020 como a única opção para o seu retorno à vida pública.

Alckmin perdeu espaço no PSDB desde que João Doria (de quem foi padrinho político, ao estimular sua candidatura à Prefeitura de São Paulo, em 2016) passou a dominar todas instâncias partidárias. Desde então, segundo interlocutores, derrotar o grupo de Doria se tornou uma meta do ex-governador.

A desfiliação de Alckmin do PSDB deve se dar sem a informação, por ora, de qual será o seu novo partido. Oficializada a mudança, Alckmin deixará a legenda da qual foi membro-fundador, ainda em 1988, partindo do MDB. Ex-prefeito de Pindamonhangaba e ex-deputado estadual, Alckmin foi governador de São Paulo pelo PSDB por 13 anos, em períodos entre 2001 e 2018 – o maior tempo entre todos da sigla que passaram pelo cargo.

O mal-estar dentro do partido cresceu com desempenho de Alckmin na última eleição, em 2018, quando ele concorreu à Presidência. Com uma aliança de oito partidos, incluindo os do Centrão, que lhe deram o maior tempo na TV, o tucano acabou com 4,76% dos votos, em quarto lugar.

Agora, Alckmin teria convites de pelo menos 10 legendas, sendo DEM e PSD os partidos que mais têm chances de tê-lo como filiado. O movimento é articulado com o ex-governador Márcio França (PSB), que tratou do tema com Alckmin em diversas reuniões na capital.

No DEM, Alckmin receberia a legenda “de porteira fechada”, como lhe prometeu o presidente do partido, ACM Neto. Mas, segundo aliados, o ex-governador de SP considera que essa migração pode trazer ruídos, uma vez que o diretório estadual da sigla, controlado pelo presidente da Câmara de São Paulo, Milton Leite, resiste à mudança. No DEM, já há entendimentos de que seria preciso uma intervenção no diretório para viabilizar a operação. Procurada, a assessoria do partido disse que a cúpula tem essa prerrogativa, mas o assunto não foi discutido. A próxima reunião da executiva será daqui 15 dias.

No PSD, Alckmin contaria com apoio de Gilberto Kassab, sem entraves internos e sem o risco de sua candidatura acabar parando na Justiça. O partido, que tem a quarta maior bancada na Câmara, é controlado com mão de ferro pelo ex-prefeito, que se afastou de Doria.

Em qualquer que seja o seu novo partido, há expectativa de que Alckmin consiga levar consigo alguns prefeitos da Grande São Paulo e do interior do estado, o que fortaleceria o apoio na disputa pelo governo. Alckmin, entretanto, não confirma nem desmente sua saída do PSDB. Ao seu estilo, ele contou uma anedota para se desviar do assunto.

– Nosso saudoso Marco Maciel conta que, uma vez, ele foi ao interior e tinha uma rodada lá de vereadores, pessoal de diretório, e foi todo mundo falando. Aí chegou um rapaz que falou “eu só estou expectorante”. Estou meio “expectorante” também – disse Alckmin ao Estadão, em um trocadilho com a palavra “espectador”.

Alckmin afirmou que está afastado da política desde 2018 para se dedicar à Medicina. Mas confirma que voltará à vida pública.

– Tirei esses dois anos depois da eleição presidencial para um período sabático. Então, mergulhei na Medicina. Fiz um curso de dois anos lá, na faculdade de Medicina da USP – afirmou, por telefone, confirmando que pretende voltar à política.

SAÍDA
Com Doria deixando claro que é pré-candidato à Presidência desde que assumiu o governo de São Paulo, havia expectativa entre aliados de Alckmin de que este tentasse o quinto mandato no Palácio dos Bandeirantes, no ano que vem. No entanto, Doria preferiu seu vice, Rodrigo Garcia (que trocou o DEM pelo PSDB), como o candidato à sua sucessão. A opção de apresentar-se ao Senado também não se mostrou viável para Alckmin, uma vez que o partido trabalha pela reeleição de José Serra.

A relação entre Alckmin e Doria começou a azedar na frustrada eleição presidencial de 2018. O empresário que havia se tornado político afastou-se da campanha tucana e passou a associar sua imagem à do presidente Jair Bolsonaro. Então, em uma reunião do partido, Alckmin chegou a insinuar que Doria seria um “traidor”. Mas a saída do partido só foi selada, segundo um aliado de Alckmin, quando este e Doria decidiram falar sobre o futuro. Doria teria sido direto ao sugerir que Alckmin viesse como deputado federal, para puxar votos para a sigla, e o ex-governador se sentiu desrespeitado.

*AE

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