Secretário do Amazonas pediu cloroquina à Saúde em janeiro
Campêlo afirmou que a medicação foi recomendada por Mayra Pinheiro
Pleno.News - 15/06/2021 15h37 | atualizado em 15/06/2021 17h09
A Secretaria de Saúde do Amazonas fez um pedido ao Ministério de Saúde de envio de cloroquina para o estado no dia 5 de janeiro, período que antecedeu o colapso no sistema de Saúde de Manaus, com a falta de oxigênio para atendimento de pacientes vitimados pelo novo coronavírus.
Em depoimento à CPI da Covid nesta terça-feira (15), o ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo afirmou que a secretária Mayra Pinheiro, do Ministério da Saúde, esteve em Manaus no dia 4 de janeiro e houve forte ênfase ao chamado tratamento precoce.
Em documento enviado à CPI, a Secretaria Estadual de Saúde de Manaus apresentou uma relação de solicitações feitas ao Ministério da Saúde durante a pandemia. O pedido de cloroquina foi feito no dia 5 de janeiro, um dia após a reunião com Mayra Pinheiro, conforme a lista.
Durante o depoimento, Campêlo declarou que a hidroxicloroquina era usada para tratamento de outras doenças, como lúpus, e que o estoque estava zerado. Depois, confrontado pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) com o documento, o secretário admitiu o pedido do medicamento para um programa de atendimento a pacientes de Covid-19, citando orientação da secretária Mayra Pinheiro. A data de 5 de janeiro coincide com um dos picos de casos do novo coronavírus na região, observou a senadora.
OXIGÊNIO
Ao falar na CPI, o ex-secretário alegou que, durante o ano de 2020, o consumo de oxigênio não apresentava risco de fornecimento. A CPI, porém, recebeu dois documentos da empresa White Martins alertando a Secretaria de Saúde do Amazonas, em julho e setembro do ano passado, sobre o aumento da demanda por oxigênio. Campêlo apontou uma estrutura precária na atenção primária em Manaus e a explosão de casos pela nova variante da Covid-19 como contextos para a crise no estado.
Em nota, a empresa fornecedora de oxigênio reforçou os alertas enviados à gestão estadual e declarou: “Cabe ressaltar que a White Martins não recebeu da Secretaria Estadual de Saúde informação prévia a respeito de aumento da demanda de oxigênio para as instituições do estado. Como uma mera fornecedora, a empresa reforça que não tem dever ou qualificação técnica para fazer a gestão da Saúde pública”.
“APENAS UM CADERNO”
Sobre a Operação Sangria, pela qual foi preso provisoriamente, Campêlo disse que a Polícia Federal apreendeu “apenas um caderno de anotações” em sua casa, no início de junho. Ao ser questionado sobre a investigação, ele negou as acusações.
Campêlo insistiu que pediu demissão do cargo após a operação e que sua saída não foi um pedido do governador Wilson Lima.
– Eu pedi para deixar o cargo depois do cumprimento do mandado de prisão, porque eu acredito que, por questões éticas, você tem que deixar um cargo para permitir que as investigações procedam e [para que] não seja acusado de estar tentando interferir nas investigações – disse Campêlo.
*Estadão
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