Secretária do governo “anti-fake” do Ceará posta fake
Titular da secretaria de Fazenda compartilhou notícia falsa sobre respiradores comprados por Minas
Paulo Moura - 12/05/2020 13h23 | atualizado em 12/05/2020 13h32
Você já deve ter visto que o governo do Ceará, gerido por Camilo Santana (PT), iniciou uma forte campanha contra as “fake news” sobre a Covid-19, que incluiu o lançamento de uma agência de checagem e até estabeleceu uma multa de R$ 2 mil para quem compartilhasse boatos sobre a pandemia.
O que o governo cearense não esperava, porém, é que as notícias falsas começassem a vir de dentro do próprio governo, como foi visto em uma das publicações da secretária de Fazenda do estado, Fernanda Pacobahyba, nas redes sociais.
Recentemente, foi noticiado que o governo cearense gastou quase o dobro que o governo de Minas Gerais, de Romeu Zema (Novo), na aquisição de 700 respiradores para o uso contra a Covid-19. Para fazer a defesa do governo para o qual trabalha, Pacobahyba fez uma publicação equivocada sobre os itens adquiridos por Zema.
Na imagem, Fernanda apresenta o que seriam os equipamentos comprados pelo estado do Ceará e por Minas Gerais. Na publicação, ela inferioriza a qualidade do equipamento adquirido por Romeu Zema e diz que os equipamentos do Ceará, do modelo VG 70, são mais robustos.
Uma decisão da Justiça Federal do estado de Minas Gerais, porém, confirma que a insinuação é falsa. O documento, onde a compra dos itens foi homologada, mostra que 562 aparelhos, ou 75%, são servo ventiladores do modelo Carmel, marca KTK, no valor unitário de R$ 70 mil, de categoria similar aos comprados pelo Ceará, ou seja, para uso em Centros de Terapia Intensiva (CTIs).
São apenas os outros 25%, ou 185, é que são os ventiladores de transporte, também essenciais para o combate da pandemia, citados pela titular da pasta de fazenda do estado do Ceará.
Vale reforçar, agora diante dos valores unitários dos itens adquiridos pelo governo Zema, que os R$ 70 mil pagos pelo governo mineiro, em cada respirador, são 40% mais baratos que o valor pago, de R$ 117 mil em média, para cada equipamento obtido pelo governo cearense.
O que resta saber agora é se essa será uma das fake news investigadas pela agência de checagem lançada pelo governo de Camilo Santana e se alguém será punido pela publicação.
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