Renan cita nazismo na CPI e gera revolta de senadores
Senadores acusaram relator de paralelismo
Pleno.News - 25/05/2021 12h36 | atualizado em 25/05/2021 12h48
O início dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado foi palco de uma nova briga entre o relator do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL), e a base governista que integra a comissão.
Nesta terça-feira (25), antes de iniciar a esteira de questionamentos à secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, Renan abriu sua fala comentando sobre o Julgamentos de Nuremberg, que julgou diversos líderes nazistas após o fim da Segunda Guerra mundial.
No entanto, antes de terminar sua fala, Renan foi interrompido por senadores governistas que viram na fala do relator um “paralelismo” com o genocídio dos judeus.
O coro de reclamações teve participação do senador Fernando Bezerra (MDB-PE), Marcos Rogério (DEM-RO), Luis Carlos Heinze (PP-RS) e do filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
– Isso é um absurdo. Comparando o que ocorreu aqui com o genocídio que ocorreu na Alemanha. Isso é mais que um pré-julgamento, é uma coisa odienta. Isso não existe; isso vai ficar registrado nos anais do Senado – disse o líder do governo na Casa, Fernando Bezerra.
Luis Heinze, inclusive, aumentou o tom contra o relator, dizendo que a responsabilidade pelas 450 mil mortes do Brasil é daqueles que “negam o tratamento” precoce.
Com o tumulto que a fala inicial de Renan Calheiros causou, o presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM), chamou a atenção do relator, dizendo que o que ele estava lendo ali não poderia ser usado como referência a ninguém ali.
Renan concordou com Aziz e concluiu sua fala afirmando que não se pode comparar o holocausto com a pandemia no Brasil, mas afirmou haver uma semelhança “assustadora” no comportamento de algumas autoridades que prestaram depoimento à comissão com as que foram julgadas em Nuremberg.
Renan falou principalmente sobre o Hermann Goering, ex-número dois do regime nazista, que, julgado, continuou “negando tudo, enaltecendo Hitler, apresentando-os como salvadores da pátria, enquanto a história provou que faziam parte de uma máquina da morte”, afirmou o relator antes de começar a fazer os questionamentos a Mayra. Renan também se retratou após os protestos dos senadores.
– Não podemos comparar (e, aqui, uma resposta ao senador Fernando Bezerra) uma barbárie como o holocausto e a tragédia da pandemia do Brasil, que até hoje já matou mais de 450 mil pessoas. Não podemos dizer, e por isso não há prejulgamento, que aqui ocorreu um genocídio. Não podemos dizer ainda. Mas podemos dizer que há uma semelhança assustadora, terrível, tenebrosa e perturbadora no comportamento de algumas autoridades que testemunharam aqui, na CPI – declarou o relator.
*Estadão
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