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Saiba como foi a reconstituição da morte de Anderson do Carmo, marido de Flordelis

Lucas e Flávio, filhos da deputada, apenas cumpriram as formalidades

Paulo Moura - 21/09/2019 21h56 | atualizado em 22/09/2019 11h21

*Atualizada em 22/09 às 4h01

Marcada para às 21h desde sábado (21), a reconstituição do assassinato do pastor Anderson do Carmo seguiu pela madrugada e terminou às 3h50. Ao final, a delegada Bárbara Lomba, responsável pelo caso, falou com a imprensa e contou que foram 14 pessoas participando da reprodução. Por coincidência, a polícia fez a reconstituição dos tiros no mesmo horário em que aconteceu a execução. Ao todo nove disparos foram efetuados na simulação.

– Separamos em dois grupos de peritos e eles farão o laudo juntos, acredito que em 30 dias esteja pronto. Houve algumas contradições que continuam nos indicando o caminho que tínhamos nas investigações. A reconstituição ajudou porque na hora as pessoas não sustentam o que foi falado em outro ambiente. Ver as reações das pessoas é importante – revelou.

Bárbara Lomba chegou na casa da deputada federal Flordelis, em Pendotiba, Niterói, por volta de 21h40. Chegaram ao local, junto com a delegada, quatro viaturas da Delegacia de Homicídios e uma da perícia. A Guarda Municipal também esteve na porta da residência para dar apoio à polícia.

Lucas, filho de Flordelis, chega com a polícia Foto: Domingos Peixoto/Agência Globo

Filho do casal, Lucas Cézar dos Santos, indiciado pelo crime, chegou ao local com a polícia, disse que não deseja participar e voltou para a viatura. Outro filho, Flávio dos Santos Rodrigues, informou previamente que não iria atuar na reconstituição. Ele ficou na delegacia e chegou na reconstituição às 1h30, apenas para cumprir formalidades, informou seu advogado.

– O depoimento que consta a confissão é contestado pela defesa e pelo Flávio. Com isso, ele não vai participar. Ele participará se a autoridade policial permitir que ele fale, realmente, o que aconteceu – afirmou Anderson Rollemberg, advogado de Flávio, por volta de 21h.

Flávio esteve no local por um breve momento Foto: Domingos Peixoto/Agência Globo

Lucas e Flávio são acusados de homicídio triplamente qualificado, com pena de 12 a 30 anos, e terão que aguardar o julgamento em regime fechado. A delegada Lomba comentou o fato deles não terem participado.

– Reproduzimos com base no que eles falaram na delegacia, mas o ideal seria que eles tivessem participado. Mas é direito deles não quererem participar. Provavelmente (o Lucas não participar) foi uma estratégia da defesa, certamente ele mudou de planos sob orientaçã. Viemos preparados para que ele participasse e atrapalhou um pouco – explicou.

Anderson Rollemberg Foto: Paulo Moura/Pleno.News

A deputada federal pode ser vista da garagem conversando com investigadores. Enquanto acontecia a reconstituição, a igreja Ministério Flordelis, fundada pela cantora e seu marido, promovia uma Mini Vigília. Bárbara Lomba comentou a participação da parlamentar e o que foi dito por ela na reconstituição.

– (Ela falou) basicamente o que tinha falado na delegacia, em alguns pontos não se recordou. Houve alguns pontos em que as declarações aqui não corresponderam ao que foi falado na delegacia. Não chegam a ser contradições, mas não correspondem – informou a delegada.

De casaco, o motorista de aplicativo, que teria levado os filhos para comprar a arma Foto: Paulo Moura/Pleno.News

Um motorista de aplicativo também participou da reconstituição. Em depoimento, o motorista afirmou ter levado Flávio e Lucas, dois dias antes do crime, até a favela Nova Holanda, na Maré, Zona Norte do Rio, para pagar e buscar a arma que seria usada. O mesmo motorista levou Lucas até a residência no dia do crime.

Daniel, filho do casal, participa da reconstituição Foto: Domingos Peixoto/Agência Globo

Daniel dos Santos, único filho biológico de Flordelis e Anderson do Carmo, estava na casa no dia do crime e compareceu na reconstituição. Sua participação levou cerca de meia hora e ele deixou a área do assassinato por volta de 1h50. Uma hora depois o jovem postou em uma rede social.

– Obrigado meu Deus, Tu és fiel!!

Daniel faz uma postagem Foto: Reprodução

ADVOGADO BARRADO
O advogado Angelo Máximo, que representa dona Maria Edna Virgínio, mãe do pastor Anderson do Carmo, e também a irmã dele, Michelle do Carmo, chegou na casa no horário marcado, mas foi impedido de entrar pela delegada.

– Eu represento a assistência da acusação, mas houve uma obstrução pela doutora Bárbara. A justificativa é que a reconstituição é uma segunda fase do inquérito – contestou.

Membros da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil foram chamados para tentar auxiliar na participação do advogado, mas não tiveram sucesso.

– A delegada nos explicou que esse procedimento está sob sigilo. Ele é advogado do primeiro processo, mas aqui não é um processo, ainda é uma investigação. Como ele não tem uma autorização judicial em razão de ser uma segunda fase, a delegada entendeu que ele não deveria participar – explicou Fernando Praxedes, presidente da Comissão local.

Angelo Maximo Foto: Paulo Moura/Pleno.News

O CASO
O pastor Anderson do Carmo foi assassinado na madrugada do dia 16 de junho, na garagem de casa, em Pendotiba, Niterói (RJ). O laudo mostrou 30 perfurações pelo corpo, a maior parte nas costas, peito e região da virilha. Anderson era casado há 25 anos com Flordelis, pastora e deputada federal pelo Rio de Janeiro. Sempre ao lado da esposa, ele atuava como secretário-geral do PSD no Estado.

Dois filhos da pastora estão presos preventivamente, Lucas dos Santos, de 18 anos, e Flávio dos Santos Rodrigues, de 38 anos. O mais velho assumiu ter efetuado seis tiros. Lucas teria ajudado comprando a arma, mas não estaria em casa no momento dos disparos. Os agentes ainda estão investigando os pontos contraditórios.

Um terceiro filho teria afirmado, em depoimento, que não ouviu discussão, barulho de carro ou moto em fuga. Que quando chegou na cena do crime encontrou o irmão Flávio próximo ao pai, caído. Ele garantiu ainda que o celular de Anderson, que está sumido, foi entregue a Flordelis.

Ainda em depoimento, o filho disse que o pastor já recebeu uma mensagem com ameaça de morte e uma das irmãs ofereceu R$ 10 mil a Lucas para que cometesse o crime. Flordelis e três filhas já teriam colocado remédios na comida de Anderson, por isso, sua saúde estava debilitada.

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