Podemos repudia possível CPI contra Sergio Moro: “Ofensa”
Contratação do ex-juiz pela Alvarez & Marsal virou alvo do TCU por suposto conflito de interesses
Thamirys Andrade - 25/01/2022 15h30 | atualizado em 25/01/2022 15h48

O partido Podemos emitiu, nessa segunda-feira (24), uma nota de repúdio à possibilidade de abertura de uma CPI para investigar a contratação do ex-juiz Sergio Moro pela empresa Alvarez & Marsal. O vínculo entre o ex-ministro e a companhia virou alvo do Tribunal de Contas da União (TCU) por eventual conflito de interesse.
– A bancada do Podemos repudia a tentativa nefasta de autoridades, parlamentares e partidos atingidos pela Lava Jato de prejudicar a pré-candidatura de Sergio Moro. A criação de uma CPI para investigar o contrato de trabalho de um cidadão brasileiro com uma empresa privada nos Estados Unidos é uma ofensa à sociedade – declarou a legenda.
A empresa de consultoria contratou o ex-ministro após sua passagem no governo Bolsonaro. O conflito de interesses estaria no fato de que a companhia atuava em processos de recuperação fiscal de empreiteiras atingidas pela Lava Jato, operação comandada por Sergio Moro quando ainda era juiz, em Curitiba. No total, a Alvarez & Marsal recebeu 78% dos honorários dessas empresas, totalizando R$ 65,1 milhões.
Na última sexta-feira (21), o TCU retirou o sigilo envolvendo a contratação de Moro para investigar o caso.
Na avaliação do Podemos, uma eventual abertura de CPI é articulada pelo “PT de Lula com o governo Jair Bolsonaro e o PP de Ciro Nogueira [ministro da Casa Civil] e Arthur Lira [presidente da Câmara dos Deputados]”.
– Refutamos essa lamentável linha de vingança que une campos opostos contra um brasileiro honesto e íntegro que entra na política para colocar seu nome à disposição do povo brasileiro para liderar um projeto de reconstrução do Brasil. Atacar Moro com CPI, manipulação de fatos e fake news só mostra o tamanho do medo deles contra o combate ao sistema corrupto – diz a legenda.
O documento foi assinado pelo líder do partido, Álvaro Dias, e pelos senadores Eduardo Girão, Flávio Arns, Jorge Kajuru, Lasier Martins, Marcos do Val, Oriovisto Guimarães, Reguffe e Styvenson Valentim.
Nessa segunda-feira (24), a Alvarez & Marsal também se pronunciou sobre o caso. Em comunicado, a empresa disse que Moro não trabalhou em processos ligados à operação Lava Jato durante seu período na companhia e afirmou que o contrato do ex-ministro tem uma cláusula de confidencialidade que segue em vigor.
– Seu contrato foi expresso em impedi-lo de atuar direta ou indiretamente no atendimento a clientes que tivessem qualquer envolvimento com a operação Lava Jato ou empresas investigadas por ele ao longo de sua carreira como juiz ou ministro, estando totalmente delimitado a atuar dentro do seu escopo de trabalho em disputas e investigações. O contrato possui ainda uma cláusula de confidencialidade, que não permite sua divulgação sem o consentimento da outra parte – disse a companhia.
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