PF mira superfaturamento na compra de respiradores em SP
Inquérito da Polícia Federal viu indícios de sobrepreço de aproximadamente R$ 63,3 milhões na aquisição dos itens pela gestão Doria
Paulo Moura - 22/02/2022 10h06 | atualizado em 22/02/2022 10h30
A Polícia Federal (PF) realiza nesta terça-feira (22) uma operação para investigar a compra, sem licitação, de 1.280 respiradores pelo governo de São Paulo. A suspeita é de que tenha ocorrido direcionamento e superfaturamento na aquisição dos itens. Ao todo, os agentes cumprem sete mandados de busca e apreensão expedidos pela 10ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
Entre os alvos da ação estão intermediários e fornecedores de equipamentos. Além das suspeitas de fraude no contrato, a Polícia Federal também investiga se houve lavagem de dinheiro. O material foi contratado em abril de 2020 para tratar pacientes com Covid-19.
Na época em que os equipamentos foram adquiridos, já estava em vigor a lei que autorizou agentes públicos a comprar bens e insumos para o enfrentamento da pandemia sem a necessidade de licitação. O contrato previa, inicialmente, a aquisição de três mil aparelhos. Pela compra, a gestão João Doria (PSDB) antecipou o depósito de 44 milhões de dólares (R$ 242,2 milhões).
A aquisição dos ventiladores que foram fabricados na China foi intermediada pela Hichens Harrison & Co., empresa americana com sócios brasileiros. O empresário Basile George Pantazis, que alega ter atuado como representante comercial da empresa, chegou a ser ouvido na CPI das Quarteirizações, instalada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
– A gente trabalhou de uma forma frenética para trazer esses ventiladores para o Brasil. Foi uma operação de guerra. Demorou mais do que deveria, mas vieram todas as máquinas. O último dólar que São Paulo pagou eu entreguei – disse o executivo.
Na ocasião, o empresário afirmou que, naquele momento, os preços cobrados pela Hichens para os modelos ofertados eram os melhores do mercado. O inquérito da PF, porém, viu indícios de sobrepreço na ordem R$ 63,3 milhões. O cálculo foi feito por peritos criminais federais comparando a aquisição com outras contratações feitas no mesmo período.
Questionada sobre as investigações, a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo chamou a operação de “espetacularização” e disse que a “compra dos respiradores foi essencial no início da pandemia e fundamental para salvar vidas”.
– Os respiradores adquiridos pela Secretaria de Estado da Saúde contribuíram para a ampliação da rede pública de Saúde, que contou com um total com 4 mil novos equipamentos no SUS que ajudaram a salvar vidas. Os aparelhos foram adquiridos com recursos do tesouro estadual, e a aquisição cumpriu as exigências legais e os decretos estadual e nacional – disse a pasta.
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