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PF diz que DEM lançou maior candidatura laranja do país

Candidata a vereadora recebeu quase R$ 300 mil e teve seis votos

Gabriela Doria - 25/11/2019 14h46 | atualizado em 25/11/2019 14h49

DEM pode ter lançado a maior candidatura laranja do país

Investigação da Polícia Federal aponta fortes indícios de que verba eleitoral pública do DEM nacional foi desviada por meio da maior candidatura laranja das eleições de 2018.

Uma mulher do Acre que oficialmente concorreu a deputada estadual recebeu R$ 240 mil do Diretório Nacional da sigla, declarou ter contratado 46 pessoas para atividades de mobilização de rua, entre elas dois coordenadores de campanha, além de aluguel de 16 automóveis, confecção de santinhos e contratação de anúncios, recebendo ainda R$ 39,5 mil em material eleitoral doado.

Apesar do aparente grande aparato de campanha, a policial militar Sonia de Fátima Silva Alves obteve apenas seis votos, tornando-se a candidata com o voto mais caro do país (foram R$ 46,6 mil de verba pública por apoiador).

A maior parte da receita declarada pela candidata foi repassada por meio de uma transferência eletrônica assinada em 13 de setembro de 2018 por Romero Azevedo, tesoureiro nacional, e “A Magalhães NT” –Antonio Carlos Magalhães Neto, prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, partido que hoje comanda o Congresso Nacional.

De acordo com o inquérito da PF, ao qual a reportagem teve acesso, Sonia foi usada como candidata laranja para desvio dessas verbas em benefício da campanha do deputado federal Alan Rick (AC), presidente do Diretório Estadual do DEM e membro de Executiva Nacional do partido.

Apesar de reproduzir o documento de transferência do dinheiro, a PF não faz considerações sobre o prefeito de Salvador e cita artigo do estatuto do partido que estabelece que os comitês financeiros regionais respondam civil e criminalmente por eventuais irregularidades no processo eleitoral.

– Sendo Alan Rick o beneficiado direto com os gastos de campanha da candidata e tendo ele, ao mesmo tempo, controle do comitê financeiro, que é quem responde civil e criminalmente pelas irregularidades, parece sinalizar que, sem eximir os demais membros do comitê de parte da responsabilidade, Alan Rick Miranda é responsável pelas irregularidades identificadas – diz relatório do delegado responsável, Jacob Guilherme da Silveira Farias de Melo.

OUTRO LADO
Por meio de sua assessoria, o deputado Alan Rick afirmou que Sonia foi escolhida já perto da eleição para a vaga de uma candidata que havia desistido e que o expressivo repasse de verbas, decidido pela Executiva Estadual, ocorreu para que ela pudesse reverter a situação de desvantagem.

– Além de ingressar tardiamente na campanha, a candidata enfrentou diversos contratempos, a exemplo de erros na confecção do material de propaganda e grave enfermidade – diz a resposta.

Rick afirma ainda que a verba empregada “nem sempre traz o resultado desejado para o candidato e para o partido, mas é certo que os resultados servem para o aprimoramento das escolhas futuras em novos pleitos”.

Também por meio de sua assessoria, o DEM nacional divulgou nota afirmando ter aprovado resolução, em 2018, determinando a transferência direta das verbas para a conta bancária das candidatas mulheres e definido “que as lideranças partidárias de cada estado teriam a responsabilidade de identificar a viabilidade eleitoral das concorrentes”.

– Os critérios, fixados após iniciativa do presidente nacional do partido, ACM Neto, foram estabelecidos para impedir quaisquer desvios desses valores por parte dos candidatos homens – argumentou.

A resolução, porém, não traz menção clara no sentido de responsabilizar os diretórios estaduais pela escolha e análise da viabilidade eleitoral das candidatas.

Em resposta à pergunta sobre se o partido tomou alguma atitude em relação ao caso de Sonia, a nota afirma apenas que “o Democratas Nacional continua acompanhando os desdobramentos das investigações realizadas no estado do Acre”.

A reportagem não conseguiu falar com Sonia de Fátima.

*Camila Mattoso e Ranier Bragon/Folhapress

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