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Pazuello diz enfrentar guerra ‘contra o aparelhamento’

Em entrevista à Revista Veja, ministro interino da Saúde falou do combate à Covid-19, de suas ações na Pasta e de Gilmar Mendes

Henrique Gimenes - 17/07/2020 15h11 | atualizado em 17/07/2020 15h17

Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde Foto: MS/Erasmo Salomão

Eduardo Pazuello já ocupa o cargo de ministro interino da Saúde há dois meses e tem como grande desafio o combate à pandemia de Covid-19. Em uma entrevista dada à revista Veja, publicada nesta sexta-feira (17), Pazuello falou sobre seu trabalho à frente da Pasta, sobre sua luta contra o establishment e sobre a declaração do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de que os militares estariam se associando a um genocídio.

Uma primeiras questões feitas ao ministro foi sobre a opinião de Gilmar sobre seu trabalho no Ministério. Ele disse disse não ter ficado incomodado com a acusação. Pazuello disse estar numa guerra contra a Covid-19 e ao mesmo tempo enfrentando “quadrilhas que têm de ser desbaratadas”. Ele alfinetou Gilmar Mendes por ter viajado para Portugal.

– Essa acusação não me incomodou. Num combate, o general de divisão é aquele que vai cuidar da sua vida e da vida da sua família. Você acha que esse general pode se sentir atingido porque um fulano falou isso ou aquilo? A missão é muito mais importante. Estou numa guerra contra uma doença que já matou 75.000 pessoas, enfrentando interesses inconfessáveis e quadrilhas que têm de ser desbaratadas. Com tantos problemas, ou se vai para Portugal ou se tenta mitigar isso tudo – ressaltou.

A fala de Gilmar Mendes aconteceu no sábado (11), durante uma transmissão ao vivo, quando criticou a atuação de militares no Ministério da Saúde. Pazuello explicou que já teve uma “conversa tranquila” com o ministro sobre a declaração. Ele disse ter convidado Gilmar para conhecer o trabalho feito dentro do Ministério da Saúde.

– Ele me ligou, eu não pude atender, mas retornei depois a ligação. Foi uma conversa tranquila. Eu disse a ele: “O senhor não tem culpa alguma de ter informações tão truncadas a ponto de fazer tal declaração. Se o senhor quiser saber exatamente como é, vem me visitar”. Ele concordou e disse para nós conversarmos. Se ele entender que tem de conhecer o ministério, verificar o trabalho que estamos fazendo e assim mesmo achar que é um genocídio, é direito dele. Mas faço questão de mostrar tudo – explicou.

Ao longo da entrevista, o ministro interino da Saúde também disse que tem enfrentado uma guerra “contra a corrupção, contra o aparelhamento de uma estrutura complicada de muitos anos que a gente herdou em todos os órgãos”. Ao ser questionado sobre a existência de corrupção dentro de sua Pasta, Pazuello disse estar “seguindo o dinheiro” e trabalhando com transparência.

– Tem de seguir o dinheiro. É o que eu estou fazendo aqui todos os dias. Estamos trabalhando com toda a transparência, abrimos todos os dados sobre os recursos financeiros e logísticos, atuamos sempre ao lado dos órgãos de controle e definimos previamente números e valores. Se você quiser encontrar japonês, vá para o Japão. Chinês, vá para a China. E ladrão, vai para onde? Para onde tem dinheiro. E aqui tem muito dinheiro – destacou.

Apesar do trabalho intenso, o ministro disse que ainda não conseguiu “desmantelar essas estruturas”.

– Precisamos entender o que é o establishment. Não é um partido, é um modelo, uma espécie de Estado profundo da corrupção. Quem acha que a corrupção se resume à Lava Jato ou ao mensalão está brincando. As nossas posições técnicas, pragmáticas e pouco políticas não agradam ao modelo político. Essas estruturas estão entranhadas. Quando você atua contra os interesses delas, vem a reação. Distribuí 14 bilhões de reais às ações contra o coronavírus de forma não política. Isso, claro, não agrada às lideranças. E aí começam a pressionar e usam ligações com outros poderes – ressaltou.

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