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Paes sobre restrições: “Não tenho medo de medidas impopulares”

Em entrevista ao Pleno.News, prefeito do Rio de Janeiro falou sobre restrições, super feriado e sobre a relação dele com Bolsonaro e Cláudio Castro

Paulo Moura - 26/03/2021 17h55 | atualizado em 27/03/2021 16h57

Prefeito do Rio, Eduardo Paes, concedeu entrevista ao Pleno.News Foto: Pleno.News/Lucas Apolinário

Apenas quatro anos após deixar o comando da Prefeitura do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM) voltou ao posto de chefe do Executivo municipal em 2021. Agora, porém, em um cenário administrativo bem diferente daquele encontrado por ele há 12 anos, quando entrou pela primeira vez no Palácio da Cidade.

Se, em sua estreia, Paes tinha em suas mãos dois eventos de porte mundial (a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos) que movimentaram bilhões em obras faraônicas, hoje ele precisa lidar com uma pandemia de Covid-19 que resulta na pior crise sanitária da história não só da cidade do Rio como de todo o Brasil, e com problemas financeiros até para pagar o 13° salário dos servidores.

Foi sobre esse contexto de pandemia (super feriado para conter o vírus e de relações conflituosas com o presidente Jair Bolsonaro e com o governador do RJ, Cláudio Castro) que Paes conversou com o Pleno.News, em uma entrevista exclusiva.

Na tônica da conversa, o gestor municipal ironizou o governador afastado Wilson Witzel, chamado por ele de Spritzel, e disse ter uma boa relação com os chefes do Executivo estadual e federal. Confira algumas das perguntas abaixo e a entrevista completa no vídeo.

O senhor disse ano passado, durante o período eleitoral, que não fecharia a cidade do Rio e, atualmente, tomou essa decisão de promover essas restrições. O que mudou de lá para cá, do período da campanha para hoje?
Primeiro, aumentou muito o número de Covid-19. Você teve um pico entre abril e maio do ano passado. Depois você teve um momento muito melhor, com menos casos, [quando] você não tem necessidade de tantas restrições. Segundo, há uma diferença grande entre fechar e estabelecer restrições. As pessoas não estão trancadas. Não precisam ficar trancadas. Tem uma série de serviços essenciais abertos, uma série de atividades funcionando. Mas é um momento em que a gente precisa de mais restrições. São decisões da Ciência, e essas decisões são importantes, e a gente tem que segui-las, por mais duras que elas sejam, por mais impopulares que elas sejam.

No ano passado, o senhor disse, em entrevista, que a sua intenção era trabalhar junto ao presidente Jair Bolsonaro. E essa semana nós vimos o presidente questionando algumas das suas decisões, inclusive a respeito do fechamento das praias. Do período da campanha para hoje, mudou essa relação entre vocês dois?
Não, não mudou em nada. Eu não tive o apoio do presidente em 2018. Ele apoiou o Wilson Spritzel [Witzel, governador afastado do RJ] e depois, em 2020, ele apoiou a candidatura do Bispo Crivella. Mas eu disse, a todo momento (fiz uma visita ao presidente Bolsonaro logo depois da eleição; estive com ele no Planalto tem umas três semanas): tenho uma boa relação com o presidente da República. Conheço ele, aliás, há muitos anos. Quero trabalhar em conjunto.

Eventualmente, a gente pode discordar. As pessoas casam e discordam. Imagine homens públicos tendo visões distintas. Ele era contra o fechamento das praias. Reclamou da ausência de Vitamina D. Eu disse que discordava. Mas isso não tem problema nenhum. Isso não significa nenhum tipo de ruptura. Ao contrário, o presidente Bolsonaro fez as escolhas dele (o Witzel e o Crivella).

Aliás, eu disse até pra ele: “Eu não consegui te livrar do Witzel. Mas consegui te livrar do Crivella”. Então, felizmente, eu venci as eleições apesar do apoio dele ao Crivella, e estamos trabalhando juntos. Tenho conversado com os ministros. Tenho tido toda a atenção do governo federal e, assim, prosseguirei. Ele foi eleito pelos brasileiros em 2018 para ser presidente do Brasil, e assim nós temos que fazer. Eu fui eleito prefeito. Ele foi eleito presidente. E nós temos que trabalhar juntos.

Muitos leitores nas redes sociais acusaram políticos de hipocrisia nesse momento de pandemia, por proibirem algumas classes de trabalhar e, mesmo assim, manterem seus vencimentos… O senhor abriria mão de seu salário em prol desses trabalhadores que estão sofrendo sem poder trabalhar?
Eu acho que não é uma pergunta que caiba. Eu recebo meu salário, trabalho, estou aqui trabalhando. Por isso, não é o meu salário que vai fazer a diferença. Ao contrário, nós estamos criando políticas de transferência de renda, o que faz com que as pessoas recebam alguma ajuda por parte do poder público para esse momento difícil.

A medida mais popular não é a criação de restrições. A medida mais popular (para quem gosta de um boteco, de um restaurante, de uma festa) é fechar igrejas e abrir bares e restaurantes. Eu fiz o contrário. Eu abri igrejas e fechei os lugares de festas, porque acho que é importante isso nesse momento. Popular é quem não está olhando para essa doença. Eu estaria muito mais popular se eu permitisse que tudo ficasse aberto. Eu sei que são medidas impopulares, mas para salvar vidas. Eu não tenho medo de medidas impopulares.

Pleno.News Entrevista
Prefeito Eduardo Paes
por Pleno.News - 27/03/2021

* Você pode ouvir a entrevista com o prefeito Eduardo Paes em podcast no Pleno.News, no Spotify, na Deezer, no Google Podcasts e no Apple Podcasts.

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