Pacheco diz que não moverá ‘um milímetro’ para atrapalhar a CPI
Presidente do Senado também afirmou que a Casa não pode agir com "revanchismo" contra o STF
Henrique Gimenes - 09/04/2021 19h38 | atualizado em 09/04/2021 19h44
Nesta sexta-feira (9), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que não “trabalhar irá um milímetro para mitigar” a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Ele garantiu que o Senado terá a CPI, explicou que a comissão terá um “funcionamento pleno” e apontou ainda que a Casa não pode agir com revanchismo contra o Supremo Tribunal Federal.
As declarações foram dadas em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
A CPI deverá ser aberta por decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do STF . Na noite desta quinta-feira (8), ele atendeu a um pedido feito pelos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO) para que Pacheco desse procedimento à instalação da CPI da Covid. O pedido de criação da comissão foi protocolado em fevereiro e assinado por 31 senadores.
Pacheco disse considerar que uma CPI não poderia funcionar na Casa neste momento, mas que explicou que irá ler o requerimento de criação da comissão.
– No momento, de excepcionalidade, em que não funcionam os órgãos do Senado, uma CPI também em tese não poderia funcionar. Mas diante da decisão do STF nós leremos o requerimento. E agora vou fazer todo o esforço para que tenha funcionamento pleno, com a garantia de saúde àqueles que participem e que consiga atingir seus resultados – apontou.
O presidente do Senado também garantiu que não irá trabalhar contra a CPI.
– Eu afirmo com toda a lisura, com toda a transparência, com toda a decência que é algo próprio do meu caráter: não vou trabalhar um milímetro para mitigar a CPI nem para que não seja instalada nem para que não funcione. Eu considero que a decisão judicial deve ser cumprida – destacou.
O pedido de criação da CPI afirma que a intenção é “apurar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Brasil e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio para os pacientes internados” ocorrida no início de 2021.
Na manhã desta sexta-feira (9), Bolsonaro criticou a decisão de Barroso e afirmou que o ministro e a bancada de esquerda do Senado se uniram numa “jogadinha casada” para desgastar o governo. Além disso, o presidente classificou a medida como uma interferência entre poderes da República, do Judiciário no Legislativo e considerou a decisão como “politicalha”.
Rodrigo Pacheco também foi questionado sobre uma possível “retaliação” ao STF após a decisão, como impeachments de ministros e propostas para restringir a atuação da Corte.
- Um Senado da República não pode agir com revanchismo, muito menos com retaliação a quem quer seja, muito menos em relação a outro poder da República – destacou.
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