Oposição quer afastamento de Moro e proteção a porteiro
Esquerda diz que funcionário pode sofrer coação
Gabriela Doria - 30/10/2019 14h38 | atualizado em 30/10/2019 19h56
Líderes da oposição no Congresso querem que o porteiro do condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tem casa seja incluído em um programa de proteção a testemunha. A ideia é evitar que ele seja coagido.
A oposição defende ainda que a investigação sobre a execução da vereadora Marielle Franco, mesmo após a citação a Bolsonaro, continue com a Polícia Civil do Rio de Janeiro.
O presidente afirmou nesta quarta-feira (30) ter acionado o ministro da Justiça, Sergio Moro, para que a Polícia Federal investigue o depoimento do porteiro.
Segundo reportagem da TV Globo, no dia em que a vereadora foi assassinada, um dos acusados de cometer o crime, o ex-policial militar Élcio Queiroz, esteve no condomínio no Rio de Janeiro onde o presidente tem residência.
O suspeito teria dito que ia à casa de número 58, que pertence a Bolsonaro. À época, ele era deputado federal e, no mesmo dia, estava em Brasília.
Em depoimento aos investigadores, o porteiro teria contado que o suspeito pediu para ir à casa de Bolsonaro e um homem atendeu o interfone e autorizou a entrada.
O presidente negou envolvimento na morte de Marielle e atacou a TV Globo e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), a quem acusou de vazar o depoimento.
– A PF e o Moro não têm que escutar o porteiro. Ele é uma testemunha que precisa neste momento ser protegida; não precisa ser coagida. Não cabe juridicamente o processo ficar na PF ou no Moro. Não tem que federalizar [a investigação] – afirmou a líder da minoria na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), informou que solicitará medidas pela segurança do porteiro.
– O caso Marielle precisa ser elucidado de forma minuciosa garantindo, inclusive, a proteção das testemunhas – escreveu o senador em rede social.
A oposição cobra a apuração de quem autorizou a entrada de Élcio no condomínio.
Para Feghali, é clara a relação entre as famílias de Bolsonaro, Élcio e de Ronie Lessa, outro acusado de ser um dos autores do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes.
A filha de Lessa teria namorado um dos filhos de Bolsonaro. Além disso, Élcio e Bolsonaro já tiraram uma foto juntos.
– A acusação [diante do depoimento do porteiro] é grave, porque envolve a casa do presidente. Isso tem que ser investigado. Ninguém pode fazer uma acusação indireta sobre ninguém, mas precisamos entender o que aconteceu”, disse a deputada.
Uma ampla reunião entre partidos da oposição está prevista para esta quarta, quando deve ser discutida a atuação do grupo após a revelação da citação ao nome de Bolsonaro na investigação.
*Folhapress
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