Ana Luiza Menezes - 27/11/2018 20h30 | atualizado em 06/12/2018 15h11

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o escritor Olavo de Carvalho demonstrou apoio ao presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Ele também avaliou os conservadores brasileiros e afirmou que não existem intelectuais da esquerda do seu nível.

Morando nos Estados Unidos desde 2005, ele é considerado o guru de Bolsonaro por ter indicado ministros. Porém, Olavo afirma que a proximidade com o futuro presidente não é tanta.

– Minha relação com ele é, literalmente nenhuma. Eu tive um hangout (conversa por aplicativo) com ele. Conversei com ele por telefone três vezes, com o filho umas duas ou três, dois deles estiveram aqui por algumas horas. Isso foi tudo – disse.

O escrito também explicou como indicou nomes para a liderança de cargos públicos.

– Coloquei no Facebook. Creio que coloquei também na área de mensagens do Eduardo Bolsonaro (em rede social). Foi tudo. Eu sei que o Bolsonaro lê as minhas coisas e a gente está vendo que leva bastante a sério. Eu fico muito lisonjeado com isso. (…) Já esgotei meu estoque de ministros. Sugeri esses dois simplesmente porque me ocorreu na hora. Sugeri o ministro da Educação porque o Bolsonaro, em um discurso, disse que iria me convidar para ministro da Educação. Não quero ser ministro, então indico alguém. Então rejeitei e indiquei o Ricardo Vélez Rodriguez, que é pessoa altamente capacitada – afirmou.

O escritor falou ainda sobre o surgimento de seu apoio ao mito.

– Desde 2014, eu vi que Bolsonaro era um dos dois ou três deputados que não estavam metidos em corrupção. Eu disse: ‘voto nesse cara para qualquer cargo que ele se candidatar. Se para presidente, então vai ser presidente’ – admitiu.

CARGO NA EMBAIXADA
Carvalho admitiu que aceitaria se tornar conselheiro de Bolsonaro. Já sobre a possibilidade de se tornar embaixador nos EUA, ele disse que aceitaria porém não gosta da ideia de não poder fumar no prédio da embaixada.

– Eu nunca disse que gostaria (ser embaixador). Disse que, se me convidassem, o único cargo que eu poderia aceitar seria o de embaixador. Caso, é claro, não houvesse pessoa outra mais qualificada. Acabei até sugerindo um nome. Não vou dizer quem, é porque não foi divulgado ainda – explicou.

O escritor revelou que não recebeu convite para o cargo, mas sim para outros dois ministérios, Educação e Cultura.

– Eu rejeitei os dois. Se fosse para aceitar um cargo público, o único que eu aceitaria seria esse. Por quê? Motivo muito simples, eu odeio isso, isso para mim seria a minha morte. Mas o Brasil precisa de dinheiro. E onde é lugar para buscar dinheiro? É aqui. Não sirvo para esse negócio de ser burocrata. Na embaixada não posso nem fumar meu cachimbo. Esse cargo é para gente que tem cara de pau, que gosta de encenar papéis. Eu não. O único cargo que eu posso exercer é o de Olavo de Carvalho, tá entendendo? – declarou.

MEDIDA URGENTE
Sincero, Olavo destacou a questão da segurança pública no Brasil como prioridade para melhorar o país. Foi este o conselho que ele deu a um dos filhos de Jair Bolsonaro antes das eleições.

– Temos que garantir que brasileiros que saem para a rua para trabalhar vão voltar vivos. O resto pode ficar para depois. Se fizer um governo ruim do começo até o fim, mas resolver esse problema, acabar com 70 mil homicídios ano, você já é herói nacional – afirmou.

ESQUERDA
Um dos motivos que provocaram sua saída do Brasil foi a chegada do PT ao governo. Olavo é um dos maiores críticos da esquerda. Ele afirmou que na oposição não existem intelectuais a sua altura e fez “duras” declarações quanto ao que os esquerdistas pensam.

– A intelectualidade brasileira é dependente do exterior, a queda da intelectualidade esquerdista internacional provocou o fim da intelectualidade esquerdista brasileira – avaliou.

Apesar de não fazer planos para retornar ao Brasil, mesmo diante da eleição de Bolsonaro, ele disse que espera que o novo governo provoque a destruição dos corruptos da esquerda. Olavo defende ainda que os conservadores devem se unir para apoiar o governo.

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