“Não querem só impunidade, querem vingança”, diz Dallagnol
Deputado federal cassado pelo TSE foi o entrevistado do Roda Viva desta segunda-feira
Pleno.News - 30/05/2023 15h36 | atualizado em 30/05/2023 16h54

Ex-procurador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol vinculou a cassação de sua candidatura pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a consequente perda de mandato como deputado federal a uma reação do “sistema corrupto” contra a atuação da força-tarefa. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (29), ele afirmou que pretende apresentar nesta terça(30) o recurso para tentar reverter a decisão do TSE. Dallagnol também deve formalizar nesta terça seus argumentos de defesa no processo que corre na Corregedoria da Câmara dos Deputados para efetivar a perda de mandato.
Citando declaração anterior do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, ele comparou a “reação” do sistema corrupto a uma versão “piorada” do que ocorreu na Itália, após a chamada Operação Mãos Limpas.
– Você vê uma reação do sistema corrupto [à Lava Jato]. Só que no Brasil eles não querem só impunidade, querem vingança – disse, após ser questionado por que evitava vincular o fim da força-tarefa ao governo de Jair Bolsonaro, a quem apoiou na disputa eleitoral contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Dallagnol atribuiu “o início do fim” a decisões do Judiciário e do Congresso.
– Os principais atos de desmonte da Lava Jato começaram de 2019 para cá, com decisões do STF e do Congresso – afirmou.
– O procurador-geral da República, Augusto Aras, também contribuiu para o desfazimento da Lava Jato. Ele cometeu graves equívocos contra a operação, tendo sido nomeado por Bolsonaro fora da lista tríplice [indicação de nomes para a Procuradoria-Geral da República por meio de votação interna da ANPR, associação nacional dos procuradores] – disse.
Segundo Dallagnol, o Brasil está diante do risco de ter “um novo Augusto Aras”, uma vez que Lula já declarou que não pretende limitar sua indicação à Procuradoria Geral da República (o mandato de Aras termina em setembro) à lista tríplice.
– Eu sempre defendi a lista tríplice – declarou.
– O problema é que várias pessoas que buscam ter uma posição no poder em Brasília vão dançar a música que o presidente vai tocar – pontuou.
E destacou que a reação à Lava Jato se intensificou após a eleição de Lula.
– Existe, sim, uma agenda de vingança muito forte neste governo.
*AE
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