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“Não entendo nada de política”, diz Roberto Campos Neto

Presidente do Banco Central diz que governo "estaria em maus lençóis", se precisasse de sua consultoria

Pleno.News - 25/08/2023 13h55 | atualizado em 25/08/2023 19h42

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central Foto: Pedro França/Agência Senado

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, riu ao ser questionado sobre ter sido um interlocutor do então presidente Jair Bolsonaro (PL) como um agregador de pesquisas eleitorais.

– Se o governo precisasse de consultoria política minha, estaria em maus lençóis, porque não entendo nada de política – disse em entrevista em vídeo gravada ao Amarelas on Air, da revista Veja.

– Quando leio que eu prestava consultoria política para o governo nas eleições, para mim, chega a ser engraçado – continuou.

Campos Neto garantiu que nunca conversou com Bolsonaro sobre pesquisas eleitorais, nem com o marqueteiro do governo “sobre nenhum assunto”. Porém, na entrevista, ele foi lembrado que surgiu a confirmação de um encontro em maio de 2022. Esse encontro só foi revelado meses depois. Campos Neto disse que tentou se lembrar sobre essa reunião específica.

– De vez em quando, [Bolsonaro] me chamava para falar. Se o presidente Lula me chamasse para falar num dia de reunião do Copom, eu ia com certeza e tenho certeza que o próximo presidente do BC, se o presidente chamar, irá com certeza – argumentou.

O melhor, segundo ele, é observar como o BC atuou após esse encontro.

– O que o BC fez? Atuou de forma autônoma, subiu os juros de um ano e meio antes das eleições até três meses antes das eleições, colocou os juros num patamar muito alto de forma independente exatamente para ter certeza de que o próximo mandato, independente de ser um incumbente ou não, a gente pudesse ter situação de juros mais baixos – descreveu.

O certo, de acordo com o presidente da autoridade monetária, é “sair do ruído e dos factoides” e prestar atenção ao que foi feito “de verdade”, reforçando que o BC sempre atuou de forma independente e técnica.

Campos Neto argumentou que o chamado “período do silêncio”, que é quando os integrantes do Copom evitam fazer comunicações públicas, principalmente sobre assuntos ligados à política monetária, vale apenas para agentes de mercado, e não para integrantes do governo. Principalmente, de acordo com ele, para integrantes do alto Executivo.

– Eu tive algumas reuniões com Bolsonaro com certeza. Acho que essa foi para discussão do Plano Safra – cogitou.

Mais uma vez, o comandante do BC disse que a instituição atuou de forma autônoma sobre os juros.

– O BC atuou de forma autônoma e vai continuar assim. Se me chamarem, eu vou em qualquer momento, porque acho que é importante, e não infringe as regras do Copom – declarou.

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*AE

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