MP dá parecer favorável para afastar Flordelis do mandato
Procuradora Maria Christina Pasquinelli acredita que deputada pode usar cargo para interferir no processo
Thamirys Andrade - 19/01/2021 12h28 | atualizado em 19/01/2021 12h56
A Procuradoria de Justiça deu parecer favorável ao afastamento da deputada federal Flordelis (PSD) do cargo de parlamentar. Para a procuradora Maria Christina Pasquinelli, a pastora e cantora gospel pode usar sua posição legislativa para interferir no desenrolar do processo. Flordelis é acusada de ser a mandante do assassinato do próprio marido, o pastor Anderson do Carmo.
– Dada a função exercida pela recorrida [Flordelis] e considerando a rede de relacionamentos travados durante o cumprimento de seu mandato, tem ela meios e modos de acessar informações e sistemas, abrindo-se-lhe um leque de oportunidades para descobrir paradeiros, moradias e locais de trabalho de testemunhas arroladas no processo – escreveu Pasquinelli.
No ano passado, a juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, determinou que Flordelis fosse monitorada por tornozeleira eletrônica, mas negou o pedido para que a parlamentar fosse afastada de suas funções. O promotor Carlos Gustavo Coelho de Andrade recorreu ao Tribunal de Justiça.
Agora a decisão cabe aos desembargadores da 2ª Câmara Criminal. Na última semana, o relator do processo em 2ª instância, desembargador Celso Ferreira Filho, determinou que o julgamento do recurso seja colocado em pauta. A data, entretanto, ainda não foi marcada.
Para que a parlamentar seja afastada do cargo, é necessário também que o plenário da Câmara dos Deputados vote favorável à cassação do mandato. Nesta segunda-feira (18), a deputada federal Carla Zambelli cobrou o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a respeito do andamento do processo. De acordo com ela, o parecer está pronto desde 12 de outubro.
CRIME
O pastor Anderson do Carmo foi morto a tiros na garagem de sua casa, em Niterói, no dia 16 de junho de 2019. Sua esposa, Flordelis, e mais 10 pessoas, entre elas filhos adotivos e biológicos, são réus no processo que investiga os responsáveis pelo seu assassinato.
Acusada de orquestrar o crime, a pastora diz que soube de um plano para matar o marido, mas nega que tenha participado. Ela acusa a filha adotiva, Marzy Teixeira da Silva de convencer o irmão Lucas Cézar dos Santos a matar o pai adotivo. Flordelis não foi presa porque possui imunidade parlamentar.
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