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Mourão: “Se tiver grandeza, Gilmar Mendes irá se retratar”

Vice-presidente voltou a falar sobre críticas feitas pelo ministro do STF sobre a atuação dos militares na pandemia

Henrique Gimenes - 14/07/2020 14h34 | atualizado em 14/07/2020 16h20

Vice-presidente, Hamilton Mourão Foto: Romério Cunha/VPR

Nesta terça-feira (14), o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, voltou a falar sobre as críticas feitas pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), à atuação das Forças Armadas no combate ao coronavírus. Para o vice, caso Gilmar Mandes tenha “grandeza moral”, ele terá “que se retratar” sobre a associação entre militares e genocídio .

A declaração de Mourão foi feita durante uma entrevista à CNN Brasil.

Mourão criticou o posicionamento de Gilmar, disse que sua crítica foi “totalmente fora de propósito” e citou exemplos de genocídios na história, como o “cometido por Stálin contra as minorias russas, por Hitler contra os judeus” e outros casos. Ao ser questionado sobre um possível pedido de desculpas do ministro, o vice-presidente concordou.

– Com certeza. Se ele tiver grandeza moral, tem que se retratar – apontou.

Já as declarações do ministro do STF foram feitas no sábado (11), durante uma transmissão ao vivo, quando criticou a atuação de militares no Ministério da Saúde.

– Não podemos mais tolerar essa situação que se passa no Ministério da Saúde. Não é aceitável que se tenha esse vazio. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção é preciso se fazer alguma coisa. Isso é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso pôr fim a isso – afirmou.

Por causa da fala, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e os comandantes das Forças Armadas: general Edson Leal Pujol (Exército), almirante Ilques Barbosa Junior (Marinha) e brigadeiro Antonio Carlos Bermudez (Aeronáutica) divulgaram nota criticando a declaração. Eles também afirmaram que acionariam a Procuradoria-Geral da República (PGR) “para a adoção das medidas cabíveis”.

Ministro Gilmar Mendes Foto: STF/Nelson Jr

Nesta terça, Gilmar Mendes também divulgou uma nota para explicar sua fala. Ele disse respeitar as Forças Armadas, mas apontou que “estamos vivendo uma crise aguda no número de mortes pela covid-19, que já somam mais de 72 mil. Em um contexto como esse, a substituição de técnicos por militares nos postos-chave do Ministério da Saúde deixa de ser um apelo à excepcionalidade e extrapola a missão institucional das Forças Armadas”.

O ministro ressaltou que não atingiu “a honra do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica. Aliás, as duas últimas nem sequer foram por mim mencionadas. Apenas refutei e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros”.

Leia a íntegra da nota de Gilmar Mendes:

Ao tempo em que reafirmo o respeito às Forças Armadas brasileiras, conclamo que se faça uma interpretação cautelosa do momento atual. Vivemos um ponto de inflexão na nossa história republicana em que, além do espírito de solidariedade, devemos nos cercar de um juízo crítico sobre o papel atribuído às instituições de Estado no enfrentamento da maior crise sanitária e social do nosso tempo.

Em manifestação recente, destaquei que as Forças Armadas estão, ainda que involuntariamente, sendo chamadas a cumprir missão avessa ao seu importante papel enquanto instituição permanente de Estado.

Nenhum analista atento da situação atual do Brasil teria como deixar de se preocupar com o rumo das nossas políticas públicas de saúde. Estamos vivendo uma crise aguda no número de mortes pela covid-19, que já somam mais de 72 mil. Em um contexto como esse, a substituição de técnicos por militares nos postos-chave do Ministério da Saúde deixa de ser um apelo à excepcionalidade e extrapola a missão institucional das Forças Armadas.

Reforço, mais uma vez, que não atingi a honra do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica. Aliás, as duas últimas nem sequer foram por mim mencionadas. Apenas refutei e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros.

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