Moro avalia chances de Covid-19 atingir penitenciárias
Em entrevista, ministro falou sobre medidas que visam evitar contágio
Ana Luiza Menezes - 12/03/2020 01h41 | atualizado em 12/03/2020 07h33
Nesta quarta-feira (11), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, concedeu uma entrevista ao canal GloboNews. Logo no início, ele foi questionado sobre o coronavírus, porém defendeu que o assunto deve ser tratado pelo Ministério da Saúde.
– Quem fala sobre esse tema, dentro do governo, é o ministro da Saúde. Agora, é importante que as pessoas conservem a calma. Evidentemente, é necessário uma série de cuidados, mas não há motivo para pânico – disse.
Ele defendeu que o governo federal e cada estado tem a responsabilidade de tomar medidas para prevenir uma ampla disseminação da doença.
Moro aceitou se pronunciar sobre o risco de a doença chegar às penitenciárias.
– Essa é uma questão muito pertinente porque os presos já estão sob a guarda do estado ou, no caso dos presídios federais, do governo federal. E existe uma série de cuidados ali a serem tomados até porque parte da população prisional, por estar em presídios com condições não tão ideais de higiene, acaba sendo um grupo vulnerável à contaminação. Então, amanhã, vamos ter uma reunião de emergência em São Paulo, do conselho do secretário de administração penitenciária do país e dos estados, e essa questão vai ser discutida. Medidas já estão sendo tomadas, nos presídios federais, de triagens das visitas para evitar a entrada de qualquer pessoa que tenha indicativos, como febre ou algum sintoma dessa doença – disse.
Moro frisou ainda que pessoas que indicarem sintomas não poderão entrar nos presídios. Fora isso, ele defendeu medidas preventivas, como uso de álcool gel, e falou sobre a importância da vacinação para outros tipos de gripes, visto que ainda não há imunização contra o covid-19.
LAVA JATO
O ministro foi questionado também sobre a operação Lava Jato. Moro disse que já não cabe a ele avaliar o trabalho do juiz federal Luiz Antonio Bonat.
– O juiz Bonat é um magistrado muito sério, bastante competente. Quando ele entrou, eu já o conhecia previamente, então [a operação] está em boas mãos – falou.
Moro também negou que tenha julgado casos com mais rapidez que Bonat.
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
Em sua avaliação, Moro defendeu que o trabalho de juiz é diferente do que desempenha, atualmente, no Ministério da Justiça. Ele disse que foi para a pasta por conta de uma expectativa de consolidação das ações anticorrupção em várias áreas e também no combate ao crime organizado.
– O crime organizado nunca sofreu tantas medidas rigorosas por parte do governo e boa parte desse mérito é também dos estados. Mas o governo federal elevou a um novo patamar o combate ao crime organizado – avaliou.
Moro também destacou a queda de homicídios no ano passado e ressaltou números recordes de apreensão de drogas.
– Não existe nenhuma proteção do governo ao crime organizado. (…) Nosso desejo é que todos sejam punidos por seus crimes – falou.
Ele admitiu que gostaria de já ter avançado mais na luta contra a corrupção e disse que está tentando mudar regras para aprovar, por exemplo, a PEC da 2ª instância.
ASSUNTOS VARIADOS
Moro foi questionado sobre outros temas, como fake news e decisões do presidente Jair Bolsonaro. Ele negou tensão após determinações do chefe do Executivo a respeito do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Os entrevistadores também lembraram que o ministro Celso de Mello irá se aposentar do Supremo Tribunal Federal (STF) e questionaram se ele aceitaria o cargo. Moro não descartou a possibilidade, mas demonstrou não ser esse o seu foco no momento.
O ministro disse ainda que não se vê disputando o cargo de presidente da República.
Sobre sua popularidade nas redes sociais, ele voltou a defender que seus perfis são uma forma de prestação de contas sobre suas ações como ministro. Para ele, a popularidade é um reflexo de seu histórico de trabalho.
Perto do final da entrevista, o ministro falou sobre a prisão do jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Assis, no Paraguai. Moro disse que sua ligação para o país vizinho foi apenas para se inteirar sobre o assunto.
– Recebi informação de que o jogador tinha sido preso com o irmão e apenas houve uma ligação para uma autoridade paraguaia, para saber o que tinha acontecido. E em nenhum momento houve interferência na soberania do Paraguai. Foi uma conversa para saber o que estava acontecendo. Nós respeitamos muito o Paraguai e temos evitado fazer comentários sobre esse caso – declarou.
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