Ministro de Lula não vê razão para criminalização do MST
Paulo Teixeira disse não ter medo de convocação à CPI, pois MST tem "muitas virtudes"
Marcos Melo - 09/06/2023 16h58 | atualizado em 09/06/2023 16h59
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, concedeu entrevista ao Correio Braziliense, publicada nesta sexta-feira (9), onde saiu em defesa do Movimento dos Sem Terra (MST), alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados. Se convocado, o ministro garantiu não ter medo de comparecer ao colegiado, já que o movimento tem “muitas virtudes”.
Apesar de entender o MST como detentor de um papel importante na reivindicação de democratização de terras, Teixeira admitiu que as invasões nas áreas da Suzano e da Embrapa foram “inadequadas”.
– (…) Não tenho qualquer medo de ir à Câmara para falar do MST, porque eles têm muitas virtudes. O MST está trabalhando com a produção de alimentos saudáveis, eles ajudam a organizar os mais pobres para voltar a trabalhar no campo e produzir. Estão agregando valor na produção por meio das cooperativas. Por essas razões, não vejo por que criminalizar o MST – disse Paulo.
Para ele, “as ocupações tiveram um caráter de protesto. Ocuparam uma terra da Suzano, na Bahia, alegando que a empresa descumpriu um acordo. Pedimos para eles saírem e criamos uma mesa de negociação com a empresa. Saíram espontaneamente, e temos a negociação indo bem. Ocuparam uma terra da Embrapa, alegando que ali não eram feitas as pesquisas. Levamos o pedido deles de retomada das pesquisas, além do direcionamento de parte delas para a agricultura familiar. Saíram. E foi assim nesses protestos do mês de abril”.
– Agora, não é o momento de estimular o conflito. A CPI, pelo que se viu nas reuniões que tiveram, virou uma CPI conflituosa, um palco para a guerra, para aumentar as tensões no Brasil. Por essa razão, vou com alegria dizer que vejo méritos na ação do MST, ao mesmo tempo que não há contradição entre a ação do MST e o agronegócio – declarou.
O ministro se posicionou favorável às práticas do movimento e enalteceu a pressão que o grupo faz sobre a reforma agrária.
– (…) Acho que o MST continuar fazendo protestos, pressão, isso é importante para a democracia, não existe democracia sem grupo de pressão. A pressão faz parte da democracia, mas a natureza da pressão, a maneira de fazer é que tem de ser ajustada, tendo em vista a utilização que os adversários políticos fazem das ocupações.
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