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Mario Frias: “Se me preocupasse com ataques, não sairia de casa”

Secretário fala sobre o trabalho em prol da Cultura e os desafios que tem enfrentado

Natalia Lopes - 09/03/2021 11h15 | atualizado em 09/03/2021 12h18

Mario Frias ao lado do presidente Jair Bolsonaro Foto: Divulgação

A quase nove meses à frente da Secretaria Especial da Cultura, Mario Frias tem encontrado um caminho árido e com muitos desafios. Tranquilo e consciente, ele diz que “sabia que não seria fácil” e que é “preciso coragem” para fazer as mudanças necessárias.

Em entrevista exclusiva ao Pleno.News, Mario Frias fala dos seus objetivos para a Cultura, da polêmica Lei Rouanet, de seus R$ 11 bilhões em projetos não auditados e dos ataques de ódio sofridos pelo presidente Jair Bolsonaro. O secretário avalia ainda as restrições por parte de prefeitos e governadores e conta as mudanças em sua saúde desde que sofreu um princípio de infarto, em dezembro.

O senhor está a quase nove meses no cargo. Como avalia o trabalho até aqui?
Desde que assumi a Secretaria Especial da Cultura, eu soube que era um desafio. Quando assume um cargo, você primeiro precisa tomar conhecimento de como era gerida a Pasta nas gestões anteriores, além de traçar metas e objetivos futuros. Depois, precisa mexer em algumas estruturas que já estavam enraizadas, viciadas na maneira de tratar a cultura, a fim de favorecer um pequeno grupo.

É preciso criar uma equipe eficiente. Isso toma tempo, exige empenho. Para corrigir [algo], é preciso coragem. Mas eu sabia que não seria fácil. Estamos caminhando em prol de um propósito: devolver a cultura ao homem comum, com seus valores e tradições, abandonando o velho modelo voltado para uma pequena elite ideológica. Então, acredito que estamos no caminho correto. O Brasil está no caminho correto.

O secretário tem trabalhado com metas e objetivos futuros Foto: Divulgação

A Cultura no Brasil precisa de muito tempo para ter tudo ajustado?
Isso exige tempo sim, como eu disse, para se fazer as alterações necessárias. Mas, acima de tudo, é preciso ter boa vontade e muito trabalho, pois, mudanças geralmente não irão agradar a todos. Elas tiram as pessoas de suas zonas de conforto. São décadas de um modelo que não foi ao encontro das necessidades reais dos brasileiros. Não se muda nada da noite para o dia. Então, além de tempo, precisamos executar a nossa estratégia de resgate da cultura brasileira, pois ela precisa ser de todos e para todos. O sentido de pertencimento faz parte dessa gestão.

Qual é o seu objetivo?
O objetivo é devolver a cultura às pessoas comuns e ouvir a opinião pública, a opinião do povo real, do Brasil profundo. Somos um país rico em cultura, assim é necessário fomentá-la para que a nossa cultura esteja no dia a dia dos brasileiros.

A Lei Rouanet deveria beneficiar pequenos produtores, mas não era isso que acontecia. O que tem mudado com o seu trabalho à frente da Secretaria?
Estamos priorizando um processo rigoroso de auditoria, para que possamos ter de fato um diagnóstico real da situação dos projetos que foram financiados pela lei. No momento, o grande desafio é zerar o imenso passivo de 15 mil projetos não auditados (R$ 11 bilhões), para podermos ter uma base de dados sólida sobre a realidade da lei.

Ao mesmo tempo, é preciso exigir mais contrapartidas dos grandes produtores, para que eles não fiquem na zona de conforto captando milhões e entregando apenas temporadas em São Paulo. A Lei precisa ser fomentada. Os projetos precisam chegar a outras regiões. Sem falar que iremos exigir, em contrapartida, a capacitação de profissionais durante a realização daquele projeto. A cultura precisa ser estimulada de todas as formas. Projetos culturais precisam chegar às escolas. Nenhum governo anterior fez isso.

O pequeno produtor vai ter também ajuda através de editais. Vamos desenvolver uma campanha para que as empresas que aportem em grandes projetos possam adotar um pequeno projeto e se tornar uma empresa amiga da cultura. Temos diversas mudanças a serem feitas. O trabalho está apenas começando.

Frias participando de ação do Natal Solidário, organizado pela primeira-dama Michelle Bolsonaro Foto: Arquivo pessoal
O senhor é um ex-ator da Globo, e hoje vemos muitos atores da emissora criticando e proferindo ataques de ódio contra o governo. A que o senhor acredita que se deve isso?
Vejo isso como uma falta de conhecimento e maturidade. A maior parte da classe artística sempre foi de esquerda. Porém, vivemos em um país onde a liberdade de expressão é um direito de todos. Não concordo, mas respeito o direito de cada um se expressar. A alternância do poder deixou a oposição cega e cheia de ódio. Uma oposição que nunca buscou o diálogo e que propaga ataques o tempo todo. Querem transformar o Brasil novamente num país corrupto, onde ninguém priorizava a população.

Foram anos de atos criminosos cometidos. Mas o povo não é burro. Foram anos que essa turma ficou bem próxima do governo. Perder essa “proximidade” gerou críticas. Ninguém gosta de perder. E quando não possuem razão, atacam!Quando se tem um propósito maior, como o meu presidente possui, e também todos aqueles que fazem parte deste governo nada irá nos desviar de nossos objetivos. Se me preocupasse com esses ataques ou críticas, eu não sairia de casa. Eu sabia desde o início que não iria agradar a todos. E isso não é uma exigência ou requisito para exercer meu trabalho com eficiência.

O senhor perdeu amigos desde que resolveu apoiar o governo?
Os amigos verdadeiros continuam ao meu lado, visitam a minha família. Quando você possui uma “amizade” que é afetada por escolha política não se trata de uma relação verdadeira. Então, nunca sinto falta daquilo que não tive e do que não correspondi. Amigo é algo sério, é para vida. Posso dizer que sou uma pessoa abençoada e feliz. Ao meu redor, estão os que quero que estejam. O resto são encontros e desencontros.

O secretário quando foi hospitalizado com princípio de infarto Foto: Reprodução

O senhor sofreu um princípio de infarto. Quais foram os sintomas e o que mudou na sua vida desde aquele dia?
Foi um pequeno susto. Os sintomas foram: cansaço, palpitações e algumas dores no peito. Desde então, a minha rotina mudou. Hoje tento cuidar mais da minha saúde, realizar atividades físicas e diminuir o estresse emocional. Conto com a minha companheira e melhor amiga, Juliana. Ela é atleta nata e me estimula a estar melhor de saúde a cada dia. Por ela, pelos nossos filhos e por mim. Afinal, foi um alerta de que era preciso mudar.

Mario Frias com a esposa Juliana e os filhos Miguel e Laura Foto: Arquivo pessoal

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