Marinho diz que Lula fala como se estivesse “numa mesa de bar”
Senador também criticou interesse vil dos parlamentares em eleger Pacheco à presidência da Casa
Marcos Melo - 14/02/2023 16h56 | atualizado em 14/02/2023 19h21

O senador Rogério Marinho (PL-RN) quer evitar o desperdício dos avanços obtidos no governo Jair Bolsonaro (PL). Para conseguir, o líder da oposição no Senado vem alertando políticos e a sociedade sobre a conduta e também sobre as propostas que Lula vem praticando no início deste governo.
O ex-ministro concedeu entrevista ao Sistema Tribuna, quando falou sobre diversos assuntos, dentre eles a disputa pela liderança do Senado e as atribuições da oposição neste momento.
Questionado sobre seu papel tão proeminente já neste primeiro mandato, Marinho respondeu:
– A nossa ideia é contribuirmos pra que nós tenhamos um uma boa administração no país, porque nós temos que defender esse legado virtuoso, do ponto de vista da economia e social, impedir retrocessos e eu diria até evitar algumas incongruências que, certamente, caso sejam aprovadas vão impactar de forma muito negativa na sociedade brasileira – disse.
O senador também respondeu acerca dos retrocessos que Lula e o Congresso já efetivaram nesse início de governo.
– Eu diria que o governo que se instala do Lula tem sido pródigo em bater cabeças. É um governo confuso e me parece que claramente falta um norte. O que um ministro diz pela manhã, um outro ministro se encarrega de desmentir à tarde. Esse padrão se repete inclusive com o presidente da República. (…) Nós temos o histórico de desastre econômico e social como consequência. Nós temos um país que, em 2016, último ano do governo do PT, e tivemos um prejuízo, por exemplo, nas nossas estatais que eram aparelhadas pelos apadrinhados políticos em mais de R$ 30 bilhões por ano. Essa mudança começa a acontecer com a profissionalização da gestão das estatais, dos bancos públicos, a partir da lei das estatais que está em risco. Esse é um dos acenos negativos que esse governo faz.
Marinho respondeu, com muita clareza, à pergunta se há ou não legalidade nas indicações de Aloizio Mercadante para o BNDES e Jean Paul Prates para a Petrobras.
– É evidente que [a Lei das Estatais] foi desrespeitada por um governo que acredita que pode tudo. Não estou falando nem no mérito das suas indicações se são ou não competentes, até porque no caso do Jean Paul, que é aqui do Rio Grande do Norte, para nós é até importante como norte-rio-grandense ter um presidente da Petrobras, porque é um cargo importante, mas nós não podemos acreditar que existem pessoas, indivíduos ou partidos acima da lei. Ninguém pode estar acima da lei, ela não vale só para um seguimento político – frisou.
O parlamentar também foi indagado sobre acusar o PT de querer criar uma narrativa de “herança maldita”, na qual os esquerdistas tentam macular a gestão passada.
– A taxa de desemprego no Brasil chegou a mais de 14% ao ano. No final de 2022, chegou a 8%. Nós temos superávit nas três esferas do governo, há nove anos isso não acontecia. O Brasil terminou o ano com a inflação menor do que a dos Estados Unidos e da Europa, há 40 anos não acontecia. O Brasil está crescendo mais do que a China, há 42 anos isso não acontecia. Nós geramos um saldo de mais de 4 milhões de novos empregos em dois anos, mesmo com guerra da Ucrânia e com pandemia. Então, olhar para essa herança e dizer que é herança maldita, parece uma forçação de barra e um processo de narrativas que é típico do PT, é a forma de como o PT assumiu em 2003, acusando Fernando Henrique Cardoso de ter feito um governo temerário – explicou.
Marinho não poupou o presidente Lula de suas críticas e comentou sobre a falta de postura do petista como chefe de Estado, que tem obrigação de observar o mercado financeiro antes de dar suas declarações ou de propor algo.
– O presidente Lula faz afirmações como se ele estivesse sentado numa mesa de bar. Não está entendendo que ele é presidente da República e qualquer manifestação da sua parte impacta na segurança jurídica na perspectiva de quem vai investir no país, gera problema de toda sorte e, não se espantem, se começarmos a cair o ritmo da empregabilidade no Brasil – declarou.
Rogério Marinho ressaltou que pediu votos a todos os senadores para a corrida à chefia da Casa, exceto a Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e teve oportunidade de conversar com todos eles.
– Eu tive a oportunidade de conversar, praticamente, com todo colegiado. Eu só não pedi voto ao Rodrigo Pacheco, até por respeito ao fato dele ser candidato abertamente, mas conversei possivelmente com 90% dos senadores. E a todos eu tive a oportunidade de expor a minha preocupação com a imagem do Congresso Nacional e em especial o Senado da República. Eu não cheguei no Senado com a pretensão de ser candidato a presidente, estou chegando agora, evidente que eu preciso ter a humildade e a compreensão que aquela é uma casa complexa, é uma casa que tem todas as suas especificidades, que quem está lá há mais tempo tem uma vantagem por conhecer o funcionamento da máquina e da instituição, mas as circunstâncias é que me fizeram candidato a presidente (…).
Ele também denunciou que existem outras motivações para a eleição de Pacheco à Presidência da Casa que vão além da mera questão republicana.
– O resultado da eleição é evidente. Não somos ingênuos. Não refletiu apenas a vontade dos senhores parlamentares. Há todo um processo que faz parte da regra do jogo, não estou aqui com choro de perdedor – disparou.
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