Marajó: Relembre as descobertas reveladas por Damares
Enquanto ministra, ela criou um projeto focado na ilha paraense, mas a ação foi cancelada pelo atual governo
Leiliane Lopes - 23/02/2024 14h47 | atualizado em 23/02/2024 16h32
Em outubro de 2022, a ex-ministra Damares Alves (Republicanos) chocou o Brasil ao falar sobre os crimes e abusos praticados contra crianças na Ilha do Marajó, no Pará. Damares, recém-eleita para o Senado, participou de um evento na Assembleia de Deus Ministério Fama, em Goiânia (GO), onde sentiu a liberdade de contar o que chegou aos seus ouvidos.
– Fomos para a Ilha de Marajó e lá nós descobrimos que as nossas crianças estavam sendo traficadas por lá (…). Nós temos imagens de crianças nossas, brasileiras, de 4 anos, 3 anos, que quando cruzam as fronteiras, sequestradas, os seus dentinhos são arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral. Nós descobrimos que essas crianças comem comida pastosa, para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal – denunciou.
Damares também falou de casos de pedofilia com bebês recém-nascidos. A revelação chocou os presentes e se tornou um dos assuntos mais comentados naquele final de semana.
– Eu descobri que nos últimos sete anos no Brasil explodiu o número de estupros de recém-nascidos, nós temos imagens, lá no ministério, de crianças de oito dias sendo estupradas. Nós descobrimos que um vídeo de estupro de crianças custa entre R$ 50 mil e R$ 100 mil.
No mesmo evento, Damares esclareceu que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) deu uma ordem para combater os crimes contra crianças e que, por essa decisão, “o inferno se levantou” contra ele.
– A guerra contra Bolsonaro que a imprensa levantou, que o Supremo levantou, que o Congresso levantou, acreditem, não é uma guerra política, é uma guerra espiritual – declarou.
Apesar da exploração sexual na Ilha do Marajó ser um assunto de décadas, a repercussão da fala da senadora fez com que ela fosse denunciada para provar o que falou.
Além disso, Damares foi convidada a prestar esclarecimentos na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado Federal sobre os supostos casos de abuso infantil citados. Até mesmo a apresentadora Xuxa Meneghel compartilhou um abaixo-assinada em suas redes sociais pedindo a cassação da senadora eleita.
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ABRACE O MARAJÓ
Em 2019, durante as comemorações dos 300 dias de governo de Bolsonaro, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) lançou o projeto Abrace o Marajó, que tinha como objetivo fortalecer o combate ao abuso e à exploração sexual infantil.
Além dos trabalhos feitos por diferentes ministérios do governo federal, o programa também envolvia empresas da iniciativa privada, além de fundações e voluntários, que levaram até o Marajó mutirões de saúde e reformas em 26 prédios escolares.
O plano de ação do Abrace o Marajó tinha 110 ações programadas para serem realizadas até o ano de 2023. Os projetos envolviam a geração de empregos, assistência social, entrega de cestas básicas, aumento dos canais de denúncias, implantação de rede de comunicação, entre outros.
Em 2023, com a chegada do presidente Lula (PT) ao poder, o Abrace o Marajó foi cancelado. Em setembro do ano passado, foi criado o Programa Cidadania Marajó com foco na garantia de direitos e promoção à saúde da população local.
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