Lula “cobra” Bolsonaro para investigar “quadrilha na Educação”
Declaração foi dada pelo ex-presidente durante entrevista a uma rádio de Minas Gerais
Pleno.News - 24/03/2022 16h36 | atualizado em 24/03/2022 16h51
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusou o governo Bolsonaro de se omitir nas investigações da “quadrilha na educação”, expressão usada pelo petista para classificar o episódio envolvendo uma suposta influência de pastores no Ministério da Edcuação (MEC). O caso foi divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo no dia 18 deste mês, enquanto o jornal Folha de S.Paulo divulgou um áudio que seria dessa influência no dia 21.
As declarações de Lula ocorreram durante entrevista à Rádio Super, da região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais.
– Por que não aparece denúncias de corrupção em alguns governos? Porque se você jogar embaixo do tapete (…) Cadê a investigação do [Fabrício] Queiroz? Cadê a investigação da “rachadinha”? Cadê a investigação das vacinas do [Eduardo, ex-ministro da Saúde] Pazuello e da quadrilha que foi montada? Nada é investigado. Se nada é investigado, não aparece corrupção. Agora mesmo tem uma quadrilha na educação e isso não é investigado – disse o petista.
Segundo o petista, o caso mostra a incompetência do presidente.
– A educação está muito ruim, mas ele tem a educação paralela dirigida por um fim específico para alguns setores de igrejas, o que demonstra que esse homem não está preparado, não esteve preparado e não pode continuar governando o Brasil – destacou.
Além de um suposto gabinete paralelo do MEC e das denúncias na compra de vacinas, Lula ainda falou sobre o suposto o orçamento secreto. No entanto, as gestões de Lula e Dilma também foram alvo de escândalos.
O primeiro mandato do petista na Presidência foi marcado por uma relação com o Congresso Nacional que resultou no caso do mensalão. Em 2005, o então deputado Roberto Jefferson (PTB) admitiu que deputados recebiam uma espécie de mesada para votarem a favor dos projetos do governo. A denúncia virou ação penal, julgada pelo Supremo Tribunal Federal em 2012, e resultou na condenação de 25 réus.
Já no governo Dilma, a Petrobras esteve no centro da Operação Lava Jato, que levou o ex-presidente Lula à prisão em 2018. O esquema bilionário de corrupção na estatal, chamado de Petrolão, envolvia, segundo as investigações, cobrança de propina de grandes empreiteiras do país, lavagem de dinheiro e superfaturamento de obras, com o objetivo de abastecer políticos, partidos, além de servidores da estatal, durante os governos petistas.
No ano passado, Lula teve todos os seus processos da Lava Jato anulados após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que o ex-juiz Sérgio Moro, atual pré-candidato à Presidência pelo Podemos, foi parcial na condução das ações.
Nesta terça-feira (22), a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou, por 4 votos a 1, o ex-procurador da República e coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, a pagar uma indenização de R$ 75 mil a Lula pelo PowerPoint em que acusou o petista de liderar uma organização criminosa.
A conclusão dos ministros é que houve “excesso” na divulgação da denúncia contra o petista e Dallagnol ofendeu a honra e a reputação do ex-presidente.
Eleições estaduais
Lula admitiu que tem realizado conversas com o PSD e com o presidente da sigla, Gilberto Kassab, para analisar a corrida eleitoral em Minas Gerais, onde o PT deve se aliar ao prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, para a disputa ao governo.
– A única coisa que tenho certeza é que o Kalil precisa de mim e que eu preciso do Kalil. A única coisa que tenho certeza é que se nos unirmos, faremos uma chapa muito forte em Minas Gerais – disse.
Mesmo sem dar certeza sobre a união, o petista afirmou que ela é “muito grande”.
– Falta pouca coisa para que a gente possa acertar isso – apontou.
De acordo com pesquisa Genial/Quaest referente ao mês de março, o governador Romeu Zema (Novo) tem a preferência do eleitorado mineiro para a disputa deste ano, com 34% das intenções de voto. Alexandre Kalil aparece como segundo colocado, com 21%.
*AE
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