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Lockdown:”A fome pode matar mais que a covid”, diz deputada

Em entrevista ao Pleno.News, a deputada estadual Rosane Felix se posiciona veementemente contra o retorno das restrições

Monique Mello - 08/03/2021 11h05 | atualizado em 08/03/2021 11h50

Deputada Rosane Felix
Deputada Rosane Felix Foto: Secom/Alerj

Um ano após o início da pandemia da covid-19 e com o surgimento das variações do coronavírus, alguns lugares do mundo voltaram a decretar o lockdown, como o Reino Unido, a Alemanha e Portugal. No Brasil, os gestores de algumas cidades e estados também decidiram endurecer restrições para se alinhar a outros países do globo.

Paraná, Bahia, Santa Catarina, São Paulo e mais recentemente o Rio de Janeiro estão entre as cidades que endureceram as restrições, para conter a pandemia. No entanto, essa medida reacende o debate sobre lockdown versus economia, uma vez que as restrições adotadas em 2020 não obtiveram o efeito esperado.

Muitos parlamentares estão se posicionando veementemente contra ao retorno das restrições, inclusive a deputada estadual Rosane Felix (PSD-RJ). Ela é engajada em causas importantes, como o auxílio emergencial no estado do Rio de Janeiro, políticas públicas para idosos, e participou ativamente no pedido de impeachment do governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel.

Ela conversou exclusivamente com o Pleno.News sobre o seu posicionamento a respeito do lockdown.

Por que acha que foi preciso outro lockdown, haja vista o primeiro mal sucedido em 2020?
Não é necessário. Desde o inicio, eu tenho me posicionado contra o fechamento do comércio e de outros setores de forma desordenada, sem planejamento e sem diálogo, como aconteceu. Foi tudo na base da “canetada” dos governadores e dos prefeitos.

Nem mesmo o poder legislativo foi ouvido. O que fizeram foi uma covardia com a população. Os resultados foram catastróficos. A gente está vendo. A fome pode matar mais pessoas do que o coronavírus, e, se fechar tudo de novo, só aumentará os prejuízos da sociedade.

Além disso, há vários indícios de corrupção na pandemia. Sabemos disso. 60% das verbas enviadas aos estados foram desviadas por alguns governadores. Já era para ter hospitais de campanha montados para evitar o colapso no sistema de saúde. Poderíamos ter investido mais em testes, enfim…

O governo federal fez a sua parte. Mas há muita corrupção nos estados e municípios. É preciso que as casas legislativas de outros estados, cujos governadores roubaram o dinheiro do povo, sigam o exemplo do RJ, onde a ALERJ se posicionou firme fiscalizando, investigando e iniciando um processo de impeachment do governador. Eu fui uma das primeiras a lutar pelo impeachment do governador [Wilson Witzel].

Foi tudo na base da “canetada” dos governadores e dos prefeitos

A senhora acredita que as medidas restritivas influenciam diretamente no PIB? A Argentina, por exemplo, fez o lockdown mais longo, e o PIB de 2020 foi de -12%.
Com certeza, por causa do fechamento do comércio, várias empresas faliram. Muitos desempregados e pessoas que trabalham na informalidade ficaram sem o seu sustento. Se não houvesse o auxílio emergencial, a situação seria muito pior. Acredito que, se o combate à pandemia fosse conduzido de outra forma, a queda do PIB seria menor.

A fome pode matar mais pessoas do que o coronavírus

A luta vai além de simplesmente ir contra a pandemia? É uma questão de espectros políticos?
A pandemia é real. Eu não sou negacionista. Inclusive, eu e meu marido fomos vítimas da covid-19. O vírus está aí. Precisamos combatê-lo, preservando vidas, cuidando da saúde da população, sobretudo as pessoas do grupo de risco. Mas, infelizmente, transformaram uma crise em pauta política, já pensando nas eleições de 2022.

É lamentável a postura adotada pelos nossos governantes. Repare bem quais são os grupos partidários que são a favor do lockdown. Por trás de tudo isso, há interesse nas eleições. Tem uma turma que não está preocupada com o povo.

Quem decreta lockdown deveria decretar a isenção de IPVA, IPTU etc. Deveria também pagar o aluguel das pessoas, a luz, a água, o plano de saúde, fazer a compra do mês. As contas chegam! Então, eles deveriam dar suporte às pessoas. Como uma pessoa vai pagar isso tudo sem trabalhar?

Quem decreta lockdown deveria decretar a isenção de IPVA, IPTU etc.

Acha que manifestações seria uma solução viável?
As manifestações são sempre bem-vindas. Na verdade, todo poder emana do povo. Infelizmente, parte da população não entendeu a força que tem. Manifestações sempre serão bem-vindas, mesmo que virtuais, pois é preciso evitar aglomerações.

Mas podemos e devemos nos manifestar de outras formas; nas redes sociais, por exemplo. É importante nos posicionarmos neste momento. Nós, brasileiros, precisamos ser menos influenciáveis. Precisamos pesquisar mais, ler mais e não sair espalhando o que ouvimos. É importante estarmos atentos pesquisando, analisando, perguntando. Isso é fundamental.

A preocupação do presidente Bolsonaro é que as vacinas sejam aprovadas pela Anvisa

Na sua opinião, houve “má vontade” do Governo Federal na compra das vacinas?
Não, de forma nenhuma. A preocupação do presidente Bolsonaro é que as vacinas sejam aprovadas pela Anvisa e tenham resultado satisfatório. Não pode sair aplicando qualquer coisa na população. Eu entendo a urgência, mas a cautela do governo é necessária, pois ainda se sabe muito pouco sobre essa doença. O Plano Nacional de Imunização está sendo executado e, em breve, a população estará vacinada

 

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