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Joaquim Barbosa: Lula “está seguindo a linha do Bolsonaro”

Para ex-ministro do STF, governo faz muita "propaganda", em um momento em que é necessária "sobriedade"

Pleno.News - 15/05/2023 11h57 | atualizado em 15/05/2023 12h45

Joaquim Barbosa durante sessão em 2014 Foto: STF/SCO/Fellipe Sampaio

O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa afirmou que o terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está seguindo a mesma “linha” da gestão Bolsonaro (PL) ao fazer “muita propaganda”. De acordo com o ex-magistrado, “tudo é uma grande festa” e um “espetáculo”, quando, na verdade, o Brasil estaria precisando de “sobriedade”.

As declarações ocorreram durante entrevista de Barbosa ao jornal Valor Econômico.

– O governo precisa [de] um pouco mais de sobriedade. Tá seguindo a linha do Bolsonaro com muita propaganda. É preciso sentar e, com moderação, tomar as decisões importantes para o país sem necessidade de todo esse foguetório – avaliou o ex-ministro.

Na sequência, ele afirmou que “já faz de 40 a 50 anos que governar se tornou um espetáculo”.

– O governo é palco constante. Os atores estão o tempo todo em encenação. Mas um país que está saindo da truculência dramática como foi o governo Bolsonaro merece um pouco mais de calmaria e sobriedade – acrescentou.

Joaquim ainda admoestou o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o próprio presidente Lula (PT), reivindicando um “contraste” com o governo anterior.

– Tudo é uma grande festa. O próprio [Flávio] Dino, que, por sinal, admiro muito, dá seus shows semanais, o presidente continua soltando o verbo. Não é bom. Deveria haver um contraste com a balbúrdia anterior – declarou, fazendo outra referência crítica ao governo Bolsonaro (PL).

MINISTRO NEGRO NO STF
Durante a entrevista, Barbosa ainda afirmou que Lula errará caso não indique nenhum ministro negro para o STF. O atual chefe do Executivo tem direito a duas indicações para a Suprema Corte. O nome favorito até o momento é o de Cristiano Zanin, advogado de Lula em processos na Lava Jato.

– Lula foi ousado ao me nomear 20 anos atrás, quando o Brasil ainda vivia o mito da democracia racial. Seria um paradoxo que, hoje, depois do avanço nas políticas de igualdade racial iniciadas precisamente no governo dele, nenhuma das duas vagas venha a ser preenchida por um negro – assinalou Barbosa.

O ex-ministro ainda minimizou as dificuldades de Lula envolvendo apoio no Poder Legislativo.

– Presidencialismo é isso mesmo, um sistema de múltiplos terrenos de negociação. É raro ver uma situação em que um partido domina o Legislativo e o Executivo e efetiva toda sua pauta. Isso é coisa de parlamentarismo. (…) O partido do presidente tem 11% das cadeiras na Câmara. É minoritário, mas pode governar. Basta que o presidente exerça a liderança e seus negociadores tenham boa interlocução. No parlamentarismo, você só governa com maioria e aprova medidas que mudam profundamente uma sociedade de uma hora para outra. No presidencialismo é o contrário. Você pode ser minoritário e conseguir, com liderança presidencial apropriada e com boa escolha dos membros do governo, moderação das propostas – analisou.

Barbosa também disse achar que o “Brasil vem restabelecendo suas posições histórias na cena internacional” e que, em linhas gerais, a política externa “está correta”.

– No geral, o Brasil vem restabelecendo suas posições histórias na cena internacional. Teve aquele entrevero da guerra da Ucrânia, mas já foi corrigido. Paulatinamente, Lula vem colocando em prática, de novo, a chamada diplomacia presidencial. E isso é muito importante – declarou.

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