Leia também:
X PSOL diz que fala de Bolsonaro contra o comunismo é nazista

Jair Bolsonaro compara PGR à Presidência da República

Presidente está com dificuldades para encontrar o substituto de Raquel Dodge

Mayara Macedo - 15/08/2019 11h41

Presidente Jair Bolsonaro Foto: Agência Brasil/Antonio Cruz

Ao falar sobre a sua dificuldade para escolher o futuro procurador-geral da República, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (15), que o cargo de chefe do Ministério Público Federal pode ser até mais importante que o seu no Palácio do Planalto.

– Tudo passa pelo PGR também. De vez em quando, o PGR é para ser mais importante que o presidente. Esse que é o problema – afirmou ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã desta quinta-feira (15).

Com uma corrida embaralhada por um grande número de candidatos, Bolsonaro decidiu adiar o anúncio para as próximas semanas. Ele tem repetido que tem muitos candidatos para a PGR (Procuradoria-Geral da República), mas que é preciso encontrar um perfil que atenda várias exigências. A indicação de Bolsonaro precisa ser aprovada depois pelo Senado.

– Não basta uma pessoa que tenha uma só virtude. Como um todo, nós temos que botar o Brasil para frente. Você bota um cara, por exemplo, que a especialidade é o combate à corrupção. Daí tem a questão ambiental, como é que fica? Vai continuar como alguns no passado, atrapalhando essa área, que é importantíssima para o desenvolvimento do Brasil? Como fica a questão de minorias, questão indígena?

Ao dizer que pelo cargo de procurador-geral passam todos os assuntos, o presidente lembrou do caso recente de dois navios iranianos que ficaram mais de 50 dias no Brasil por falta de abastecimento.

As empresas responsáveis pelas embarcações tiveram de levar o caso ao Supremo Tribunal Federal para a resolução do caso. Havia um temor de que o abastecimento dos navios pudesse gerar sanções econômicas à Petrobras por parte dos EUA, que tem restrições com o Irã.

Bolsonaro disse que as dificuldades para escolher o novo PGR são enormes. O indicado substituirá a atual chefe do Ministério Público Federal, Raquel Dodge, cujo mandato expira em 17 de setembro. Questionado sobre a possibilidade de indicar o coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, para o cargo, disse que ele nunca o procurou.

– Nunca me procurou, o Deltan. Quem quer ser candidato e quer entrar na lista tem que me procurar. O nome dele, lá atrás, já foi cogitado por alguém. Eu não lembro quem foi, lá trás, no início do mandato – disse.

Nesta semana, Bolsonaro fez um um gesto ao subprocurador-geral da República José Bonifácio de Andrada, com quem se reuniu no Palácio do Planalto. Na semana passada, o presidente recebeu os subprocuradores-gerais Marcelo Rabello e Paulo Gonet e o procurador regional Lauro Cardoso.

Ele teve audiências privadas com os subprocuradores-gerais Mário Bonsaglia, José Bonifácio Andrada e Antonio Carlos Soares na terça. Bonsaglia, primeiro colocado na lista da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), foi o único nome da lista tríplice a ter encontro com Bolsonaro.

Já Andrada, católico e de perfil conservador, é integrante da Opus Dei. Durante a campanha pela lista tríplice, ele declarou, por exemplo, ser contra o aborto. Para além da agenda de costumes em sintonia com a de Bolsonaro, o subprocurador também tem bom relacionamento com as Forças Armadas. Ele estudou na Escola Preparatória de Cadetes do Ar, em Barbacena (MG), e até hoje se encontra com os colegas que seguiram carreira na Força Aérea Brasileira.

Andrada foi vice-procurador-geral de Rodrigo Janot de 2016 a 2017. À época, sua indicação foi vista como uma sinalização do então procurador-geral à ala mais conservadora do Ministério Público Federal.

De acordo com relatos feitos à reportagem, Andrada teria dito ao presidente que só poderia aceitar um eventual convite formal depois de consultar seus colegas do Ministério Público Federal. A expectativa era a de que ele se reunisse com os pares ainda nesta quarta-feira.

O subprocurador foi um dos dez candidatos à lista tríplice da PGR. Com 154 votos, acabou na sétima posição. Desde que saiu o resultado, em 18 de junho, Andrada submergiu, cumprindo um acordo informal feito entre os postulantes.

A ordem era a de que, definida a lista tríplice, os demais nomes tirariam o time de campo e não trabalhariam por fora para conquistar Bolsonaro, embora o presidente não seja obrigado a respeitar o resultado da lista.

Mário Bonsaglia, Luiza Frischeisen e Blal Dalloul foram os três mais votados na eleição que é organizada desde 2001 pela Associação Nacional dos Procuradores da República. Auxiliares do presidente no Planalto apontam como empecilho a ligação de Andrada com o PSDB. Ele foi advogado-geral da União durante o último ano de governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2002, e advogado-geral de Minas Gerais de 2003 a 2010, quando o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) era governador do estado.

Descendente do patriarca da independência, José Bonifácio de Andrada e Silva, é filho do ex-deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que, no ano passado, aos 88 anos, decidiu não disputar a reeleição após 15 mandatos legislativos.

*Folhapress

Leia também1 PSOL diz que fala de Bolsonaro contra o comunismo é nazista
2 Bolsonaro decide transferir Coaf para o Banco Central
3 Bolsonaro ironiza expulsão de Frota do PSL: Nem sei quem é

Siga-nos nas nossas redes!
WhatsApp
Entre e receba as notícias do dia
Entrar no Canal
Telegram Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
O autor da mensagem, e não o Pleno.News, é o responsável pelo comentário.