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Governo manda chips para área indígena sem sinal de celular

Dispositivos são oriundos de uma parceria entre o Ministério das Comunicações e os Correios

Paulo Moura - 15/02/2023 12h47 | atualizado em 15/02/2023 14h36

Ministro das Comunicações mostra modelo de chip que será enviado para área Yanomami Foto: Isac Nóbrega/MCom

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, realizou o envio de mil chips de celular em parceria com os Correios para utilização em operações que acontecem na terra indígena Yanomami, em Roraima, mas um detalhe deve fazer com que os itens não tenham utilidade: não há cobertura de celular na região.

A informação foi confirmada ao jornal O Estado de São Paulo pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). De acordo com a autarquia, “a região fica em local isolado sem atendimento das prestadoras móveis, que têm obrigações de atendimento nas sedes municipais, localidades e aglomerados urbanos”.

O anúncio sobre o envio dos chips foi feito pelo ministro no último dia 10 de fevereiro ao lado do presidente dos Correios, Fabiano Silva. Em um comunicado conjunto, a pasta e a estatal afirmaram que os dispositivos davam “acesso à internet, fornecendo conexão aos grupos que precisam se comunicar em meio aos trabalhos de assistência aos indígenas”.

Os Correios atuam desde 2017 como um tipo de “operadora virtual” de telefonia. Na região de Boa Vista, capital de Roraima, por exemplo, a estatal faz a locação da estrutura que é fornecida pela Surf Telecom, que, por sua vez, aluga a rede da operadora TIM. Ou seja, o sinal da operadora dos Correios só funcionará onde a TIM tiver cobertura, o que não é o caso da terra Yanomami.

No caso da terra indígena em questão, a única forma de conexão viável ocorre por meio de conexão via satélite. Até por causa disso, o próprio Ministério das Comunicações formalizou, em parceria com a Eletrobras, a instalação de 17 antenas móveis dentro do território dos indígenas, que permitirão o acesso à internet sem fio por meio de satélite usando qualquer tipo de aparelho.

Dessa forma, na prática, os usuários farão uso de aparelhos celulares que já possuem para se conectarem à rede aberta, ou seja, sem ter a necessidade de utilizar um novo chip. Essa constatação vai justamente no sentido contrário do alegado pelo presidente dos Correios que, ao anunciar a parceria com o Ministério das Comunicações, defendeu que os chips da estatal seriam “essenciais”.

– Nesses momentos de crise, todo apoio possível será feito. Com os chips Correios Celular, garantiremos agilidade na comunicação, o que facilitará a coordenação dos trabalhos de assistência – declarou.

ÓRGÃOS NEGAM QUE CHIPS SEJAM DESNECESSÁRIOS
Sobre o caso, o Ministério das Comunicações e os Correios declararam que “os chips foram enviados para facilitar a comunicação entre as equipes humanitárias e de apoio que estão prestando assistência à população”. Os órgãos também negaram que os itens sejam desnecessários.

– Naturalmente, a localização dessas equipes é dinâmica, entretanto, suas bases possuem a cobertura do serviço. Portanto, a informação de que os chips não funcionam não é verdadeira – declararam.

Questionados a respeito do custo dos itens, a pasta e os Correios ressaltaram que, “nesta ação específica que tem o objetivo de auxiliar na comunicação das equipes que trabalham na ação humanitária coordenada pelo governo federal, os chips não tiveram custo para os Correios” e cada componente recebeu R$ 40 de crédito para serem utilizados por quem presta apoio na região.

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