Governo Lula guarda mais de 60 cargos que podem afagar aliados
Ao menos 39 postos de segundo escalão ainda estão abertos mesmo após quase cinco meses de governo
Paulo Moura - 28/05/2023 10h33 | atualizado em 29/05/2023 13h55

Mesmo com o terceiro governo Lula prestes a completar cinco meses, mais de 60 cargos na Esplanada dos Ministérios continuam sem ocupantes. De acordo com um levantamento da consultoria Ética Inteligência Política, divulgado pelo site Metrópoles neste sábado (27), são 39 postos de segundo escalão e 27 em entidades como empresas públicas e autarquias.
Segundo o veículo, os cargos possuem relevância política ou orçamento robusto e, por isso, atraem aliados e podem ser utilizados para agradar partidos do chamado Centrão. As nomeações para alguns desses postos ainda estão sob análise do Planalto e os imbróglios envolvem diversas pastas federais.
O ministério com o maior número de lugares de segundo escalão vagos é o da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que possui duas secretarias a serem preenchidas: de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, e de Ciência e Tecnologia para Transformação Digital. Quatro departamentos vinculados também estão com postos pendentes.
No Ministério da Agricultura e Pecuária, a Secretaria de Política Agrícola, que é considerada uma das mais importantes da pasta, segue sem comando. O ministro Carlos Fávaro chegou a anunciar que quem a ocuparia seria o ex-deputado Neri Geller, mas ele ainda não foi nomeado para o posto.
Já o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) tem duas secretarias disponíveis: de Coordenação de Sistemas e de Assuntos de Defesa e Segurança Nacional. Além delas, há um departamento vago na pasta. O novo ministro-chefe do GSI, o general da reserva do Exército Marcos Antônio Amaro dos Santos, ainda reorganiza a pasta.
A Secretaria-Geral (SG) da Presidência, por sua vez, ainda possui duas secretarias com a chefia pendente: a Executiva da Comissão de Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e a Executiva do Conselho Nacional de Fomento e Colaboração.
Além das vagas nos ministérios, as empresas públicas também possuem postos cobiçados no mundo político. Um desses casos é o da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), estatal responsável por comercializar o óleo e o gás extraídos da camada pré-sal; e da Companhia Docas do Ceará (CDC), empresa pública que faz a administração e exploração comercial do Porto de Fortaleza.
A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), que chegou a ter o nome do marido da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), Inácio Melo, como um dos candidatos a chefiá-la, não sacramentou a decisão.
Já a Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF), empresa pública responsável por fazer seguros para exportações de grande valor agregado, segue com gestores indicados pelo governo Bolsonaro.
Atualmente, as indicações para os postos da administração federal passam pela chancela da Casa Civil, chefiada por Rui Costa, que avalia currículos e requisitos jurídicos dos nomes. O ministro estaria enfrentando críticas em algumas das nomeações em razão da escolha de nomes que não possuem afinidade ideológica com a atual gestão.
Um desses casos foi a nomeação do deputado Heitor Freire (União Brasil-CE), que em suas redes sociais já declarou no passado que seria aluno do professor Olavo de Carvalho. Freire foi confirmado, neste mês, para comandar uma diretoria da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), órgão vinculado à pasta de Integração.
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