Governo do RJ compra álcool gel acima do valor de mercado
Produto obtido pelo governo é cerca de 30% mais caro que o preço praticado no comércio varejista
Paulo Moura - 27/04/2020 14h21 | atualizado em 27/04/2020 14h49
Em mais uma daquelas aquisições “curiosas” em momento de pandemia, o Governo do Rio de Janeiro resolveu comprar 30 mil unidades de álcool gel em embalagens de 500 ml. O uso dos itens, segundo a colunista Berenice Seara, do jornal Extra, seria para agentes do Programa Segurança Presente.
Alguns pontos dessa compra, porém, é que chamam a atenção. O principal deles é o valor envolvido. Ao todo, foram gastos R$ 705 mil dos cofres públicos com dispensa de licitação. Calculando o valor por unidade do produto, chegamos a R$ 23,50.
Em uma consulta ao site de compras do governo do Rio de Janeiro, é possível encontrar os três valores pesquisados para o produto nos fornecedores Invicta Comércio e Distribuição Eireli, na Americanas.com e na Comercial Brasil Comércio e Exportação de Produtos Médicos Hospitalares Ltda. Ao final, o governo opta pelo mais barato dos três, da Invicta, pelo valor de R$ 23,50.
Em uma primeira vista, parece que os valores não têm qualquer problema, mas como um consumidor atento sempre faz, pesquisamos o produto mais barato nas mesmas especificações designadas pelo governo e de qualquer marca, já que o próprio poder público não detalhou a preferência por alguma delas.
Para isso, procuramos em um dos sites consultados pelo governo, o da Americanas.com, e encontramos uma versão do produto, em frasco de 500 ml, por R$ 15,90. O valor é 45% mais barato que o alegado que teria sido encontrado na Americanas e 32% menor que o gasto pelo governo.
Ao final, podemos concluir que, caso o governo tivesse feito a opção por comprar o item pelo valor de R$ 15,90, conforme indicado no site, poderia ter economizado R$ 228 mil dos cofres públicos.
Além disso, a diferença, que já é grande, poderia ter se tornado ainda maior se o próprio poder público tivesse negociado descontos em razão da grande quantidade. Vale o questionamento.
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