Leia também:
X Deputado Silvio Fávero morre de Covid-19 no Mato Grosso

Governo de SC foi alertado em dezembro sobre colapso

Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde divulgou um parecer sobre saúde no estado

Pleno.News - 13/03/2021 18h36 | atualizado em 13/03/2021 18h42

Governador de Santa Catarina, Carlos Moisés Foto: Secom/Ricardo Wolffenbuttel

O governo catarinense foi avisado, no início de dezembro de 2020, sobre o risco de colapso no sistema de saúde por causa da Covid-19. Na época, autoridades sanitárias alertaram para o crescente número de infectados e de internações, e que isso iria refletir também nos óbitos.

Dois meses após o alerta, em meados de fevereiro, Santa Catarina atingiu o limite máximo de internações. Desde então, a fila por uma vaga de UTI não para de crescer. Eram 398 pacientes aguardando leito de terapia intensiva na sexta-feira (12).

Nas últimas semanas, as mortes de pessoas na fila de internação tornou a crise ainda mais dramática. Pacientes foram transferidos para outros estados e mais leitos, anunciados. A demanda por oxigênio aumentou 2.000% e os estoques do chamado kit entubação operam com o mínimo.

– Com as UTIs já lotadas e com o tempo de internação médio superior a 15 dias, significa que quando os casos graves relacionados às confirmações dos últimos dias necessitarem de UTI, os leitos ainda estarão ocupados, levando ao colapso da assistência e consequentemente ao aumento do número de óbitos – alertou o parecer do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs), em 3 de dezembro de 2020.

O documento foi juntado em processo do Tribunal de Contas que avaliou as medidas empregadas pelo estado para contenção da pandemia. O caso foi julgado em 8 de março e cobra uma série de medidas, entre elas a adoção de lockdown por 14 dias, medidas financeiras para mitigar impactos e a inclusão de professores nos grupos prioritários de vacinação. O governador foi notificado da decisão no dia 10 deste mês.

O parecer previa uma projeção geométrica dos indicadores da doença em Santa Catarina e falava em “cenário preocupante” com os efeitos das aglomerações das festas de fim de ano, e cita como exemplo países da Europa que enfrentaram uma segunda onda da doença e adotaram lockdown como estratégia para frear a curva de contágio.

O alerta apontava para o crescimento de mortes.

– Dados preliminares do mês de novembro contabilizaram 644 óbitos, o dobro de óbitos registrados em outubro (320 óbitos). (…) Ao final do mês de setembro o Estado possuía 6.000 casos ativos e atualmente o registro é de 32 mil casos, incremento de cinco vezes – dizia o alerta.

O número de óbitos em novembro se confirmou em 705 registros. Em dezembro, foram 1.486 mortes. Já o número de pessoas com o coronavírus ativo ultrapassou 40 mil em março.

Santa Catarina registrou 8.502 mortes por Covid-19 desde março de 2020, sendo que 36,8 % dos óbitos ocorreram entre janeiro e março deste ano.

Os promotores de Justiça que apontam omissão do governo também sinalizam falta de transparência sobre os óbitos de pessoas que estão na fila de UTI, o que poderia caracterizar desassistência do estado.

O governo catarinense tem resistido à ideia de adotar um isolamento mais rígido, principalmente ao uso do termo lockdown. Em março de 2020, Carlos Moisés (PSL) foi um dos primeiros governadores a adotar medidas mais rígidas contra a pandemia, restringindo todo o serviço não essencial.

O secretário de Saúde, André Motta, afirmou, em entrevista à GloboNews, que o lockdown não tem efeito, e negou a morte de pessoas por desassistência médica. Em fevereiro, pacientes que aguardavam na fila por uma vaga de UTI foram transferidos para o Espírito Santo.

Em contrapartida ao lockdown, o governo do estado tem anunciado nas últimas semanas a abertura de novos leitos de UTI na tentativa de zerar a fila de espera. Um novo decreto, que passou a valer na sexta-feira (12), restringe a abertura do comércio apenas nos finais de semana.

Até a próxima sexta-feira (19), atividades como casas noturnas, shows e espetáculos estão proibidas.

A reportagem enviou questionamentos ao governo e à Secretaria de Saúde, mas ainda não obteve retorno.

Também na quarta-feira (10), 245 entidades ligadas ao comércio assinaram manifestação cobrando que o governador Carlos Moisés “permaneça firme”. O apelo, segundo o documento, é “no intuito de não cogitar o emprego de meios extremos que podem colocar em xeque a sobrevivência de milhões de catarinenses”.

A entidades criticam o que chamam de “previsões empíricas” e falam em “gestores públicos sensatos que tiveram a coragem de ignorar o pânico”.

*Estadão

Siga-nos nas nossas redes!
WhatsApp
Entre e receba as notícias do dia
Entrar no Canal
Telegram Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
O autor da mensagem, e não o Pleno.News, é o responsável pelo comentário.