Paulo Moura - 30/10/2019 09h08 | atualizado em 30/10/2019 10h37

Após a exibição de uma reportagem no Jornal Nacional que associou o nome do presidente Jair Bolsonaro a um dos acusados de participar da morte da ex-vereadora Marielle Franco, o mandatário decidiu fazer uma transmissão de última hora, nas redes sociais, para rebater os pontos levantados na matéria. Irritado, Bolsonaro afirmou que a Globo quer prejudicar o país.

– Vocês querem arrebentar com o Brasil. Estava muito bem com governos anteriores, mamavam bilhões de estatais. Acabou a teta, não tem mais dinheiro público para vocês – apontou.

O presidente também afirmou que para renovar a concessão da emissora carioca, a empresa deverá estar com uma situação transparente e limpa.

– Não vai ter ‘jeitinho’ para vocês – declarou

Em resposta às afirmações de Bolsonaro, a Globo publicou uma nota em que afirmou fazer jornalismo sério e que na reportagem veiculada mostrou a contradição entre o depoimento do porteiro e o fato de Bolsonaro estar em Brasília no dia alegado pelo funcionário do condomínio.

– A Globo fez, como sempre, jornalismo com seriedade e responsabilidade. Revelou a existência do depoimento do porteiro e das afirmações que ele fez. Mas ressaltou, com ênfase e por apuração própria, que as informações do porteiro se chocavam com um fato: a presença do então deputado Jair Bolsonaro em Brasília – declarou a nota.

Sobre a declaração do presidente a respeito das condições para renovação da concessão, a emissora disse que sempre cumpriu com as obrigações legais.

– Sobre a afirmação de que, em 2022, não perseguirá a Globo, mas só renovará a sua concessão se o processo estiver, nas palavras dele, enxuto, a Globo afirma que não poderia esperar dele outra atitude. Há 54 anos, a emissora jamais deixou de cumprir as suas obrigações – finalizou.

Leia a nota na íntegra:

A Globo não fez patifaria nem canalhice. Fez, como sempre, jornalismo com seriedade e responsabilidade. Revelou a existência do depoimento do porteiro e das afirmações que ele fez. Mas ressaltou, com ênfase e por apuração própria, que as informações do porteiro se chocavam com um fato: a presença do então deputado Jair Bolsonaro em Brasília, naquele dia, com dois registros na lista de presença em votações.

O depoimento do porteiro, com ou sem contradição, é importante, porque diz respeito a um fato que ocorreu com um dos principais acusados, no dia do crime. Além disso, a mera citação do nome do presidente leva o Supremo Tribunal Federal a analisar a situação.

A Globo lamenta que o presidente revele não conhecer a missão do jornalismo de qualidade e use termos injustos para insultar aqueles que não fazem outra coisa senão informar com precisão o público brasileiro. Sobre a afirmação de que, em 2022, não perseguirá a Globo, mas só renovará a sua concessão se o processo estiver, nas palavras dele, enxuto, a Globo afirma que não poderia esperar dele outra atitude. Há 54 anos, a emissora jamais deixou de cumprir as suas obrigações.

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