Gilmar sobre impeachment no STF: “Mecanismo de assédio”
“Não me parece que qualquer um deva se preocupar com isso”, acrescentou o ministro
Thamirys Andrade - 13/04/2021 16h22 | atualizado em 13/04/2021 16h50
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse não temer os pedidos de impeachment contra ele e os demais ministros da Corte. De acordo com ele, as solicitações de afastamento são um instrumento de “assédio” e devem ser respondidos com “serenidade”.
– O problema é que pensam em usar isso como um mecanismo de amedrontamento, de assédio, de acossamento das pessoas. Acho que a gente deve responder com serenidade. E creio que Câmara e Senado são compostos por pessoas, na maioria, de grande maturidade política [que] sabem distinguir o que é a luta política de qualquer outro embate. Então, a mim me parece que [tal mecanismo] não surte nenhum efeito – declarou em entrevista ao portal Metrópoles.
O magistrado afirmou acreditar que as ameaças de abertura dos pedidos de impeachment não interferirão nas decisões do plenário e questionou o motivo dos possíveis impeachments. Segundo ele, os ministros estão “cumprindo o seu papel” de forma institucional.
– Isso se tornou uma conversa recorrente. Recentemente, as armas voltaram-se para o ministro Alexandre [de Moraes]. Exatamente por conta da sua decisão no caso do deputado Daniel Silveira. E talvez por outras medidas que ele tomou nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos. E aí ficam ameaçando com impeachment. Impeachment por quê? Por que as pessoas estão cumprindo o seu papel, tomando suas decisões dentro dos marcos institucionais?
Gilmar também comentou os pedidos de afastamento do presidente Jair Bolsonaro.
– Eu não vejo o impeachment como um corretivo para as ações presidenciais se não se forma uma maioria. Uma verificação que se tem que fazer. Certamente, nesse ambiente hoje, o governo deve ter maioria, pelo menos se supõe – declarou o magistrado.
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