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Folha volta a usar ‘despiora’ para não elogiar melhora econômica

Jornal já havia utilizado a "nova" palavra em julho do ano passado

Paulo Moura - 09/06/2021 11h33 | atualizado em 09/06/2021 12h11

Bolsonaro segurando uma página da Folha de SP Foto: Folhapress/Pedro Ladeira

Quase um ano depois de “inventar” o termo “despiora” como um “malabarismo linguístico” para não elogiar o governo do presidente Jair Bolsonaro, a Folha de São Paulo voltou a utilizar a palavra nesta quarta-feira (9) em um contexto similar ao da primeira ocasião: evitar expressões positivas ao governo para falar da melhora de indicadores econômicos do país.

Ao contrário da primeira versão, o “despiora” foi usado com mais destaque, diretamente no título. No artigo intitulado Economia dá mais sinais de despiora, publicado no fim da noite de terça-feira (8), o jornalista Vinicius Torres Freire cita indicadores econômicos que alcançaram resultados positivos recentemente, como o PIB, mas elenca alguns argumentos para minimizá-los.

Artigo da Folha voltou a usar termo “despiora” Foto: Reprodução

Um dos exemplos é um trecho no qual o autor fala que a “receita de impostos, PIB trimestral e comércio tiveram desempenho acima do esperado, mas na sequência diz que, “nas entranhas desses indicadores, há coisas feias: a inflação ajuda a engordar a arrecadação tributária, o consumo das famílias no PIB caiu”.

O primeiro “despiora” usado pela Folha foi em um texto publicado no dia 25 de julho do ano passado, com o título Bolsonarismo perde, Bolsonaro ganha, também de autoria de Torres Freire. Na ocasião, porém, o termo tinha um destaque menor; aparecia no subtítulo do texto.

Jornal utilizou termo “despiora” para não elogiar o presidente Foto: Reprodução

Na matéria publicada pelo Pleno.News sobre a primeira utilização da palavra pela Folha, o professor de Língua Portuguesa, Rogério Batalha, destacou que o verbo “despiorar” não estava nos dicionários; portanto, poderia ser caracterizado como um termo inventado, um neologismo.

– Despiorar, no sentido de tornar ou ficar menos pior, pelo que me parece… não está dentro de um padrão culto. Ela [a palavra] está muito próxima de um neologismo, uma palavra inventada, do que de uma palavra dicionarizada. Então, a princípio, eu acho que ela não existe enquanto padrão culto – disse o professor, na época

E a situação não sofreu qualquer mudança ao longo do último ano. Em uma breve busca em dois dos principais dicionários de Língua Portuguesa, como o Houaiss e o VOLP (da Academia Brasileira de Letras), o verbo ainda não consta como uma palavra oficialmente dicionarizada até esta quarta-feira (9).

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