Marcos Melo e Paulo Moura - 22/04/2024 14h59 | atualizado em 22/04/2024 16h31

A importância do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a situação atual do MBL, os ataques da esquerda em relação a representantes das minorias que se identificam com a direita, e a dinâmica política de São Paulo nas eleições municipais deste ano. Esses foram alguns dos assuntos tratados em uma entrevista exclusiva concedida pelo vereador Fernando Holiday (PL) ao Pleno.News.

Em uma conversa franca, o parlamentar reconheceu que cometeu erros ao, no passado, julgar alguns acontecimentos envolvendo Bolsonaro de maneira equivocada e ressaltou, inclusive, que o maior líder conservador do país representa atualmente, em sua opinião, “a esperança”.

– O Bolsonaro, pra mim, é uma relação complexa, porque eu já tive momentos mais próximos, momentos mais distantes, hoje, graças a Deus, [estamos] próximos novamente, espero que continue assim para sempre, mas ele representa para mim, hoje, principalmente esperança, pelo menos é essa a sensação que eu tenho – disse.

Os equívocos sobre o ex-presidente, segundo Holiday, se refletiram principalmente na época da saída do atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR) do cargo de ministro da Justiça, quando este chegou a acusar Bolsonaro de interferir politicamente na Polícia Federal.

– O problema foi quando o Moro saiu do governo, fazendo diversas acusações e tal. E nós, e aí eu me incluo, tomamos as acusações do Moro como verdade (…). Acontece que o tempo passa. E as acusações do Moro se demonstraram falsas, quer dizer, não havia prova, não havia tentativa de interferência na PF, não havia crime, não havia nada – disse.

MBL E REDES SOCIAIS
Na entrevista, Holiday também falou sobre a situação atual do Movimento Brasil Livre (MBL), do qual ele já fez parte. De acordo com o vereador, o grupo “se perdeu” com o passar do tempo e cometeu falhas como a de não pedir desculpas a Bolsonaro por tê-lo atacado injustamente. Para o parlamentar, o fato de o movimento ter feito campanha pelo voto nulo em 2022 foi um erro.

– A defesa da candidatura de Bolsonaro, foi o que eu fiz, me tacaram pedras, me xingaram, outros até hoje fazem isso, mas pelo menos naquele momento crucial, eu tenho a paz de espírito de dizer que eu estive no lugar certo, no lado certo. E o MBL insistiu no erro, votando, votando e divulgando, fazendo campanha pelo voto nulo, dizendo que Lula e Bolsonaro são a mesma coisa – lembrou.

O vereador também falou sobre o desafio de fazer política nas redes sociais sem virar um “escravo” do engajamento. Para Holiday, é necessário pensar em longo prazo e trabalhar pautas que abordem problemas essenciais da sociedade.

– [O público] sabe que você não vai resolver esses problemas que são profundos e complexos do dia para a noite. Mas ele quer saber o passo a passo que você está seguindo. Nesse caminho, às vezes você vai ter picos de engajamento. Em outros momentos, nem tanto. Mas você tem um mínimo de estabilidade – destacou.

REPRESENTANTE DE MINORIA, MAS ATACADO PELA ESQUERDA
Em outro ponto, Holiday discutiu as reações ofensivas da extrema-esquerda aos representantes das minorias que se identificam com a direita, como é o exemplo dele, e disse que isso ilustra uma hipocrisia por parte dos grupos e movimentos esquerdistas. O político destacou também que a esquerda, por essa razão, tem perdido o debate entre pessoas negras no Brasil, por exemplo.

– Eles praticam tudo aquilo que eles condenam, que é o racismo e tudo mais. E acho que a direita tem sido bem-sucedida principalmente em denunciar essas hipocrisias (…). E acho que a esquerda está perdendo o domínio desse debate, porque o negro comum, a pessoa negra comum, ela não é um militante do movimento negro – destacou.

CENÁRIO POLÍTICO EM SÃO PAULO
Como vereador de São Paulo, Holiday também comentou a dinâmica política na capital paulista para as eleições municipais deste ano, como o apoio da ex-prefeita Marta Suplicy ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Para ele, muito do apoio do psolista vem de uma classe média alta com pensamentos de esquerda.

– É um público que mora em bairros de classe média alta, é um público que pensa como a esquerda, tem essa ideia revolucionária, embora não conheça verdadeiramente o que ela defende. São pessoas que nunca pisaram numa favela, não sabem qual é o dia a dia de quem realmente é pobre, do negro, da periferia (…). Acho que a proeminência do Boulos vem muito disso – resume.

RETOMADA DO ESTADO DEMOCRÁTICO E 2026
Por fim, o vereador falou sobre o quadro democrático atual do Brasil, especialmente o “efeito Alexandre de Moraes”, e destacou a importância das mobilizações políticas visando a próxima eleição federal, em 2026, ano que, para Holiday, será “a chave”.

– Olha, eu sinceramente acredito que com o Congresso que nós temos hoje, vai ser muito difícil nós retomarmos a normalidade ainda neste mandato, porque apesar da gente ter conseguido eleger inúmeros deputados, vários senadores de direita, nós ainda não somos a maioria naquele Congresso. Mas 2026 é a chave – finalizou.

*Você pode ouvir a entrevista em podcast no Pleno.News, no Spotify, na Deezer, no Google Podcasts e no Apple Podcasts.

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