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Deputada Rosane Felix conversou com o Pleno.News sobre a carreira, a defesa dos direitos das crianças, e o futuro na política

Paulo Moura - 31/08/2020 12h11 | atualizado em 31/08/2020 13h03

Deputada estadual Rosane Felix Foto: Divulgação

Radialista por mais de 20 anos, a carioca Rosane Félix decidiu dar uma reviravolta em sua vida ao optar pelo ingresso na política. Evangélica de berço, como ela mesma se descreve, Rosane inicialmente relutou em se tornar candidata ao Legislativo fluminense em 2018. Entretanto, uma resposta de oração a fez mudar de ideia e, no fim, ser eleita para seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Tendo como principal bandeira a defesa dos direitos das crianças, adolescentes e idosos, a hoje deputada ainda questiona a falta de planejamento, investimento e a atenção adequada para estas parcelas da população, mas destaca que a situação começa a mudar com a participação do governo federal, especialmente com o apoio da ministra Damares Alves.

Autora de uma moção de repúdio na Alerj contra a apresentadora Xuxa Meneghel, após um anúncio da comunicadora de que lançaria livros com conteúdos LGBT para crianças, Rosane prova que “não foge da briga” para defender os pequenos. Em conversa com o Pleno.News, a deputada falou sobre sua trajetória, a nova carreira, os desafios do trabalho parlamentar e também de seu futuro na política.

Deputada, sua trajetória é bastante conhecida, e inclusive premiada, pelo período como radialista. De onde, então, surgiu a ideia de ingressar na política?
Sou evangélica de berço. Nascida na Assembleia de Deus. Cresci vendo meus pais ajudando as pessoas e isso contribuiu muito na minha formação, pois foi despertando em mim uma vocação para o social. Lembro-me de minha mãe costurando e doando roupas a pessoas que não tinham como pagar. Aprendi com Deus e com minha família, a importância de se colocar no lugar do outro. Então, servir a Deus ajudando ao próximo se tornou a minha missão de vida.

Aprendi com Deus e com minha família, a importância de se colocar no lugar do outro

Em 2018, faltando seis meses para as eleições, estava em uma reunião familiar com a presença de mais dois amigos, fui levada a uma reflexão por eles de que através de um mandato parlamentar poderia ajudar muito mais pessoas. Lembro que me disseram: “a omissão de pessoas do bem é que faz com que o mal ocupe espaços na sociedade. Se as pessoas honestas, de bom caráter, que têm amor pelo próximo não se posicionarem para entrar na política, outras pessoas farão isso e tenha certeza de que farão com outras motivações”.

Lembro que me disseram: “a omissão de pessoas do bem é que faz com que o mal ocupe espaços na sociedade

Em princípio, relutei, pois nunca tive pretensão política, apesar de sempre ter sido consciente da importância da política no nosso cotidiano. Ao mesmo tempo, eu tinha um sentimento de que Deus estaria trazendo um novo tempo para a política do País. Eu entendia que de profissionais da política o Brasil estava cheio, e que precisava de políticos com empatia, que se colocassem no lugar do próximo e com amor. Pois o amor não visa os seus próprios interesses e não se alegra com a injustiça. E para isso Deus não poderia usar coisas, ele precisa usar pessoas.

Eu sempre acreditei que Deus levanta homens e mulheres para fazer a diferença na sociedade e na política. Assim como foi com Ester e outros personagens bíblicos. Naquele momento, eu disse: “Vou orar, e se a presença de Deus for comigo e o marido também aceitar o desafio, eu vou”.

Após orarmos juntos e recebermos a confirmação de Deus, aceitei cumprir a missão e estabeleci uma visão clara: ser eleita deputada estadual para ser a voz do povo do Estado do Rio de Janeiro. Mesmo sem estrutura financeira e sem histórico político, decidi sair de minha zona de conforto, me apeguei na promessa e decidi caminhar rumo ao meu objetivo. Fui eleita para o meu primeiro mandato de deputada estadual com 53.644 votos.

Sua eleição foi baseada na defesa dos direitos das crianças, adolescentes e idosos, como vê os cuidados com essas áreas atualmente, especialmente pelo poder público?
É impressionante a falta de políticas públicas e o descaso do Governo do Estado com as nossas crianças, adolescentes e idosos. Falta planejamento, investimento e a atenção adequada. Em meu primeiro mandato na Alerj, sou presidente da Comissão de Assuntos da Criança, do Adolescente e do Idoso e tenho acompanhado de perto esse tema. Tenho trabalhado por políticas públicas afim de ajudar instituições de longa permanência para idosos (asilos).

Sou presidente da Comissão de Assuntos da Criança, do Adolescente e do Idoso e tenho acompanhado de perto esse tema

Em todas as regiões do Estado é muito triste ver as condições precárias, a falta de equipamentos básicos e a falta de apoio do Poder Público. Os nossos idosos estão esquecidos. Através do meu mandato, e com o apoio do Senador Flávio Bolsonaro e da Ministra Damares, estamos conseguindo recursos que estão ajudando e irão ajudar muito essas instituições.

Outro assunto que me preocupa são as crianças e adolescentes abrigados nas instituições de acolhimento (conhecidas antes como orfanatos). Por lei, ao completarem 18 anos, os jovens são obrigados a deixarem os abrigos. Muitas vezes, sem apoio, sem ter para onde ir, sem terem sido preparados para esse momento.

Rosane Felix durante campanha contra o aborto Foto: Divulgação

Recentemente, foi aprovada a Lei 8977/2020, de minha autoria, que permite o jovem de 18 anos permanecer nas instituições de acolhimento até seis meses após a pandemia do COVID-19. Essa foi uma lei emergencial para ajudá-los neste momento.

Mas, em breve, será votado na Alerj, o meu projeto de lei que cria o Programa de Transição de Acolhimento e tem como objetivo auxiliar nesse processo de desligamento das instituições, proporcionando a esses jovens a possibilidade de acesso a educação de qualidade, ingresso no mercado de trabalho e suporte para dar prosseguimento às suas vidas fora do acolhimento institucional.

Uma outra questão é o sistema socioeducativo. Visitei as unidades do Degase, conversei com os servidores, entrei nas celas e conversei com os adolescentes para conhecer a realidade deles. Precisamos garantir um ambiente que realmente ofereça dignidade, transforme a vida dos jovens, abrindo novos horizontes.

As unidades do Degase devem ser lugar de ressocialização. No meu primeiro mandato, consegui aprovar uma emenda ao orçamento do Estado no valor de R$ 50 milhões para construção de três novas unidades. Conseguimos também R$ 25 milhões do FISED que ajudou na reestruturação de unidades.

Especificamente no que diz respeito à defesa das crianças, algumas de suas ações têm obtido grande destaque, como a moção de repúdio ao livro da apresentadora Xuxa. Qual o seu posicionamento diante dessa questão? Pretende levar à frente outras ações sobre a publicação?
A liberdade de expressão não pode ser usada como desculpa para expor conteúdos inadequados para nossas crianças. É necessário ter ética, respeito e responsabilidade. A criança ainda está em formação e por não possuir a maturidade necessária para determinados assuntos, deve estar protegida de qualquer conteúdo inapropriado a sua faixa etária. Criança não tem que ser induzida a pensar em sexo ou sexualidade, precocemente. Tudo tem a sua hora.

Apresentei uma Moção de Repúdio e vamos aguardar a publicação do livro para que possamos avaliar o conteúdo e analisar quais medidas devemos tomar

Além disso, a formação dos valores e princípios morais da criança é atribuição da família. A autora do livro afirma que o assunto será apresentado de uma maneira “para que as crianças possam entender que o amor é mais importante”. Para ensinar o amor e o respeito ao próximo não precisa escrever livro LGBT. Isso se aprende com boas maneiras dentro de casa e na escola. Nossas crianças precisam ser incentivadas a brincar, jogar bola, andar de bicicleta, brincar de pique, de boneca e outras brincadeiras de acordo com a sua idade.

Apresentei uma Moção de Repúdio e vamos aguardar a publicação do livro para que possamos avaliar o conteúdo e analisar quais medidas devemos tomar.

Ainda sobre esse tema, a senhora acredita que exista uma mobilização organizada para tentar promover a “erotização infantil”? E quais seriam os meios para se evitar isso?
Sim! Infelizmente existem máfias poderosas por trás da promoção da erotização que consequentemente gera a exploração sexual e a pornografia infantil, que virou um grande mercado financeiro. Uma das formas de combatermos é através de um trabalho de conscientização aos responsáveis e as crianças.

Os pais precisam dialogar mais, precisam incentivar seus filhos a não pularem etapas, viverem cada fase da vida com intensidade. Criança precisa ser criança, usar roupas de criança, brincar como criança e os pais precisam estar atentos acompanhando o comportamento delas de perto, em especial as tecnologias usadas por elas, como rede social e WhatsApp. Da mesma forma as crianças precisam ser orientadas através de campanhas nas escolas, nas instituições religiosas, que pedofilia e exploração sexual são crimes e elas não podem se calar.

Indo agora para a política nacional, a ministra Damares Alves, que atua em áreas similares a aquelas com que a senhora se elegeu, é alvo frequente de ataques por seu trabalho. Qual a sua opinião sobre essas ofensas sofridas por ela? Quais, na sua opinião, são as motivações para isso?
Só se joga pedra em árvore que dá fruto. O trabalho dela incomoda muita gente no Brasil. Sabe por quê? Porque a Ministra Damares é uma guerreira que, assim como o Presidente Jair Bolsonaro, está batendo de frente com o sistema.

Desde quando ela assumiu o Ministério, ela está trabalhando com ética e moralidade. Vários contratos irregulares foram desfeitos. Um exemplo disso foi um contrato da Funai de R$ 44 milhões para criação de criptomoeda indígena.

Deputada Rosane Felix ao lado da ministra Damares Alves Foto: Divulgação

A Ministra tem sido defensora dos valores da família e da vida. Tem lutado contra a pedofilia, contra a gravidez na adolescência, contra a violência sexual. Ela não é covarde. Pelo contrário, coragem é sua marca. Ela está revolucionando os Direitos Humanos no Brasil.

Falando um pouco sobre a política do seu estado, qual a sua opinião sobre a situação do processo de impeachment do governador Wilson Witzel? Qual desfecho a senhora acredita que esse caso terá?
Independente de qualquer coisa, é importante ressaltar que o governo foi cúmplice ou incompetente. Diante de uma situação tão séria que o nosso Estado atravessou por qualquer uma dessas razões, o governador mostrou que não pode continuar. O desfecho eu não posso garantir, até porque decisões como essa envolvem desde o parlamento ao judiciário. Mas, espero que o clamor do povo seja atendido e eu tenho me empenhado a favor do impeachment.

Por fim, sobre sua carreira política, já existe algum planejamento para seus próximos passos? Uma candidatura para a Câmara dos Deputados, por exemplo, poderia estar em seus planos?

Apesar de não ser fácil trabalhar em uma casa que já foi palco de muitos escândalos e mesmo chegando com uma nova proposta, uma política séria, indo na contramão do sistema, tanto uma parte da mídia como uma parte da população ainda nos vê como “farinha do mesmo saco”. Eu estou feliz com o meu mandato. Em um ano e meio tenho 11 leis aprovadas e isso é inusitado e gratificante.

Porém, o amanhã está nas mãos de Deus. Como vivo na dependência Dele sei que Ele tem o melhor para mim, vivo um de dia de cada vez.

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