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Ex-tesoureiro do PT elabora dossiê contra Moro e Deltan

"Coisa de aloprado", diz Sergio Moro

Pleno.News - 26/10/2022 18h52 | atualizado em 26/10/2022 19h01

Sergio Moro e Deltan Dallagnol Fotos: ALEP/Pedro de Oliveira

O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto trabalha desde novembro do ano passado na produção de um dossiê sobre a Lava Jato para municiar parlamentares petistas contra o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR) e o ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que assumem cargos no Congresso em 2023.

Vaccari, que foi condenado na operação e cumpriu pena de prisão, também reuniu outras informações para subsidiar a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva contra acusações de corrupção feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em fase final de produção, o dossiê inclui trocas de mensagens entre procuradores e o ex-juiz obtidas por hackers, além de relatos de delatores e dados financeiros dos acordos firmados por réus com o Ministério Público. Parte do conteúdo, que foi alvo da Operação Spoofing da Polícia Federal, está sob sigilo da Justiça.

Na semana passada, Vaccari apresentou uma versão preliminar do dossiê a Rui Falcão, um dos coordenadores de comunicação da campanha de Lula e deputado federal reeleito.

Em cerca de 40 minutos, o ex-tesoureiro mostrou a Falcão o conteúdo que havia amealhado com a ajuda de cinco advogados. Vaccari não diz, nem Falcão questiona, como o material foi obtido.

– Na hora que o Deltan aparecer [no Congresso], vocês já caem de cacete em cima dele. Do Moro, a mesma coisa. Nós queremos também fazer chegar que eles esculhambam ministros do STF, esculhambam ministros do STJ. Ninguém fez esse tipo de trabalho – disse Vaccari a Falcão nesse encontro.

João Vaccari Neto Foto: Agência Brasil/ José Cruz

Vaccari foi tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff à Presidência em 2014 e também ocupou cargos importantes no PT, como o de secretário de finanças. Em 2015, ele foi condenado pela Lava Jato e ficou preso por dois anos e três meses. Nunca aceitou fazer delação premiada.

O ex-tesoureiro não participa da atual campanha de Lula, tanto que o encontro não ocorreu no comitê da candidatura do PT, mas em outro endereço de Falcão na capital paulista.

Além de minar a reputação dos líderes da operação em que Lula foi condenado à prisão, o objetivo de Vaccari é emplacar a versão segundo a qual os atos de corrupção identificados na Petrobras pela força-tarefa foram praticados por executivos da estatal e de empresas privadas, livrando políticos petistas.

O ex-tesoureiro, assim como Rui Falcão, acreditam que Lula deveria explorar esse viés ao ser confrontado por Bolsonaro sobre corrupção. A tese de Vaccari se baseia em um personagem: Pedro Barusco, o executivo da Petrobras que devolveu sozinho R$ 157 milhões em 2015, ao admitir que participou de um esquema de corrupção na empresa.

Para Vaccari, Barusco enriqueceu recebendo propina em contratos superfaturados na Sete Brasil, que não chegaram a ele nem ao PT. A versão que prevaleceu nos julgamentos conduzidos por Sérgio Moro contam outra história: a de que todos os desvios tinham como finalidade bancar, além de vantagens aos executivos, campanhas e propinas a políticos do PT e de partidos aliados.

REAÇÃO DE SÉRGIO MORO
O senador eleito Sérgio Moro criticou o dossiê. Segundo o ex-juiz, a elaboração do documento lembra “tirania” e “parece coisa de aloprado”.

– Esse dossiê parece coisa de aloprado. (…) Caso aconteça um governo do PT, espero que isso não ocorra, serei oposição, e vou esperar que haja jogo baixo, mas estou com absoluta tranquilidade em relação ao que foi feito no passado e à nossa capacidade de resistir a qualquer espécie de tirania – afirmou em entrevista à Jovem Pan.

*AE

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