Ex-ministros se unem contra ações ‘nefastas’ de Bolsonaro
Sete ex-titulares do Meio Ambiente se reuniram para discutir ações do governo na área
Henrique Gimenes - 08/05/2019 17h12 | atualizado em 09/05/2019 17h41
Nesta quarta-feira (8), sete ex-ministros do Meio Ambiente participaram de um encontro na Universidade de São Paulo (USP) para discutir as políticas ambientais do governo de Jair Bolsonaro. O grupo assinou um manifesto condenando as políticas da gestão atual, como o “afrouxamento do licenciamento ambiental travestido de eficiência de gestão”.
Durante o evento, a ex-ministra Marina Silva, titular entre 2003 e 2008, classificou como uma “coisa nefasta” o fim de licenciamentos ambientais “só porque o projeto é do governo”. Ela também disse que os cortes no orçamento devem trazer prejuízos ao Brasil no futuro.
– Vamos sofrer com barreiras tarifárias. Vamos voltar ao tempo da pressão externa. O agronegócio vai pagar o preço por quem tem uma visão atrasada. A mineração vai pagar porque vão dizer que nossas commodities são produzidas à custa das nossas florestas – apontou.
Para Rubens Ricupero, titular da pasta entre 1993 e 1994, “essa política irracional que estamos assistindo” do governo Bolsonaro coloca em risco o futuro do Brasil.
– Nunca pensamos que pudéssemos testemunhar um esforço tão malévolo e destrutivo em relação ao que o Brasil tem costurado há muito tempo (…) O Ministério do Meio Ambiente foi preservado de forma puramente formal, mas esvaziado de seu conteúdo com a transferência de todas as suas principais funções para outras instâncias decisórias – ressaltou.
Carlos Minc, ministro entre 2008 e 2010, condenou o descumprimento de acordos por parte da gestão atual.
– Estamos descumprindo acordos assinados. O país de maior diversidade começa a negar os tratados que assinou e pode ser a maior ameaça do clima ao planeta – destacou.
Titular da pasta em 2002, José Carlos Carvalho criticou também a ideia presente no atual governo de que existe uma indústria de multas por parte do Ibama.
– O que está sendo feito parte da premissa intelectualmente pobre que é colocar o meio ambiente como uma questão fútil (…) Me explica qual o marxismo cultural do governo Médici e Figueiredo? Agora, em pleno regime democrático, queremos retornar a uma situação anterior à ditadura – afirmou.
Mesmo com as críticas, José Sarney Filho, ministro entre 1999 e 2002 e também entre 2016 e 2018, disse que o documento serve como um alerta.
– Temos de resistir. O manifesto chama a atenção para o governo rever seus erros. Não queremos peitar, mas corrigir – argumentou.
O texto ainda conta com as assinaturas de Izabella Teixeira (2010 a 2016), Edson Duarte (2018) e Gustavo Krause (1995 a 1999).
Após as críticas, o atual ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, utilizou suas redes sociais para responder.
– O atual governo não rechaçou, nem desconstruiu, nenhum compromisso previamente assumido e que tenha tangibilidade, vantagem e concretude para a sociedade brasileira (…) Mais do que isso, criou e vem se dedicando a uma inédita agenda de qualidade ambiental urbana, até então totalmente negligenciada – disse.
Nota do MMA em resposta à manifestação de alguns dos ex-Ministros do Meio Ambiente. pic.twitter.com/BkBPA33BHr
— Ricardo Salles MMA (@rsallesmma) May 8, 2019
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