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“Eu mexo com o sistema”, afirma Gabriel Monteiro sobre ameaças

Vereador conversou com o Pleno.News a respeito de seu novo trabalho, de ameaças e das fiscalizações em unidades de saúde

Paulo Moura - 06/05/2021 20h25 | atualizado em 14/05/2021 10h42

Gabriel Monteiro concede entrevista ao Pleno.News Foto: Pleno.News/Lucas Apolinário

Destaque na internet já há algum tempo, com vídeos em que mostram sua indignação em relação a problemas vividos na sociedade, especialmente na área de segurança pública, o então policial militar Gabriel Monteiro decidiu partir para uma seara em que conseguiria levar seu protesto contra as injustiças ainda mais longe: a política.

Terceiro vereador mais votado no Rio de Janeiro em 2020, Monteiro decidiu fazer jus aos 60.326 votos que recebeu dos eleitores cariocas e colocou ainda mais os pés nas ruas – e, mais especificamente, no último mês, nos hospitais onde decidiu verificar se os trabalhos estavam realmente funcionando na área que mais precisa disso no momento.


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O incômodo logo veio, e Gabriel passou a ser alvo de ameaças e de críticas por parte de alguns veículos de imprensa, em um escrutínio que ele ainda não havia experimentado antes. Sem se incomodar, o parlamentar diz que continuará criticando quem precisar ser criticado.

Em entrevista exclusiva concedida ao Pleno.News, Gabriel falou sobre esses e diversos outros assuntos. Comentou a situação da política nacional, destacou seu trabalho nas redes, lembrou das ameaças e até se emocionou ao falar das experiências vividas dentro da Polícia Militar.

Acompanhe abaixo alguns questionamentos feitos ao vereador e assista, na íntegra, a conversa em vídeo:

Você foi bastante crítico ao governo Witzel, por conta de todas as denúncias que permearam a administração. E, na última semana, ele foi cassado após decisão do Tribunal Especial Misto. Qual é a sua opinião sobre esse julgamento?
Foi um processo político, jurídico, visto pelo Brasil todo; foi justo. O Witzel surfou na onda Bolsonaro, fingiu-se [de partidário] da nova política, falou que largaria qualquer ranço dos governantes anteriores do Rio de Janeiro. [Mas não o fez.] Então, ele recebeu/colheu aquilo que plantou.

O cara que prometeu não se corromper, prometeu ajudar a população e fez o que fez na saúde, em época de pandemia, dizimando milhares de pessoas. Como é que o cara vem e faz um conluio criminoso na parte mais sensível do estado, que é a saúde? Faltam adjetivos aqui para me referir a ele.

Mas, graças a Deus e a [certos] políticos, acho que nós devemos agradecer a todos da Alerj que votaram pelo seu impeachment. Ali também, no Tribunal Misto, [a votação pelo impeachment] foi 10 a 0. Então, [foi feita] justiça.

Witzel errou e agora está pagando pelos seus pecados. E detalhe: não apenas deve ser impeachado, deve ser preso. Ele, sim, é um genocida. Ele, sim, fez com que muitas pessoas morressem por causa das atrocidades dele na saúde.

Falando de saúde, você recentemente fez fiscalizações em hospitais, e criou-se uma polêmica a respeito disso. Você apareceu em vários veículos de imprensa. O que acha dessa situação?
Eu espero que aqueles que me criticaram nunca precisem de um hospital municipal carioca, de uma UPA carioca. Hoje, os hospitais e as UPAs se tornaram açougues. A verdade é que jamais um crítico meu gostaria que a mãe dele estivesse em um hospital municipal carioca.

Não é apenas o que eu venho falando; estou provando, com imagens, sons, relatos, provas substanciais, provas materiais, sobre a máfia da saúde carioca. Olha, até ambulâncias estão desviando. Eu não sei como essas pessoas conseguem dormir.

A ambulância, em vez de estar atendendo à população mais pobre, a população que mais precisa, a população que está hoje doente, que está clamando por uma transferência, [está] levando o doutor à padaria. O doutor, que mora lá na Barra da Tijuca, no Recreio; o doutor indo, com diesel público, com a ambulância do povo e motorista do povo, pra casa.

Chego às unidades de saúde cariocas, pego a escala. [Tem] dez médicos aqui. Mas, quando vai ver, tem dois, um; às vezes, ninguém. Como eu não vou ficar revoltado. Eu tenho toda uma família que precisa do SUS, que precisa de uma unidade pública. E a sacanagem que impera nesses ambientes não está no gibi.

Eu quero saber qual munícipe, qual carioca está satisfeito, ou melhor, qual brasileiro está satisfeito com a saúde pública. Falta médico, falta insumo. É mãe de família desempregada vivendo de migalhas, tendo que pagar pelo remédio do filho doente, tendo que pagar água no hospital. Mas, no papel, está tudo lindo. Parece um hospital sueco. Fiquei revoltado. Estou fiscalizando, estou provando e continuarei esse trabalho.

A respeito de ameaças de morte, queria que você comentasse sobre isso. Você ainda tem recebido tais ameaças ultimamente? Elas aumentaram desde que você se tornou vereador?
Hoje eu tenho a proteção do Estado… de fato, eu sou uma pessoa ameaçada. Existem algumas coisas que estão em sigilo. Mas o que eu posso adiantar é que já existem inquéritos em andamento, até na DRACO [Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas], a especializada da Polícia Civil da contravenção, [porque tem gente] pagando 2 milhões de reais pela minha morte. É uma insatisfação completa que as facções criminosas têm acerca do meu trabalho.

Para você, quais são as principais motivações para essas ameaças?
Eu mexo com o sistema. Eu estou fazendo com que a população de comunidade saiba ainda mais que vagabundo não a representa; vagabundo não representa o morador de favela. Moradores de favela são, 99% [deles], pessoas inocentes, vítimas deles [dos traficantes].

As minhas prisões também. Só esse ano, eu já prendi não sei quantas pessoas. Prendi muita gente esse ano. Já dei voz de prisão por tráfico; dei voz de prisão por roubo. Essas denúncias que eu venho fazendo, mando diversos relatórios acerca do predomínio do Comando Vermelho nos morros cariocas.

Acho que o que mais pesa hoje é a contravenção. Quando eu expus o coronel [Marcos Balbino], que não estava trabalhando para combater a máfia do caça-níquel, apreendi e prendi quem estava [atuando]. Isso gerou um efeito dominó. A polícia foi obrigada a trabalhar e começou a fechar diversos estabelecimentos. Isso gerou um prejuízo muito grande para eles [os contraventores].

*Você pode ouvir a entrevista com o vereador Gabriel Monteiro em podcast no Pleno.News, no Spotify, na Deezer, no Google Podcasts e no Apple Podcasts.

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