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Eduardo ameaça: ‘Cuidado que eu vou ser eleito governador’

Filho do presidente discursou para oposição

Gabriela Doria - 11/11/2019 20h35 | atualizado em 11/11/2019 21h55

Deputado Eduardo Bolsonaro ameaça oposição com possível candidatura a governador Foto: Fotos Públicas/Lula Marques

Em discurso nesta segunda-feira (11) em comissão da Câmara que debate prisão em segunda instância, o líder do PSL na Casa, Eduardo Bolsonaro (SP), sugeriu que deve concorrer a governador, sem especificar o estado e apesar de a Constituição vedar que seja eleito enquanto o pai, Jair Bolsonaro, for presidente.

O deputado também acusou o PT de mandar matar o prefeito de Santo André Celso Daniel.

As declarações foram feitas na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que, com um atraso de mais de quatro horas, começou a debater nesta terça a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de prisão em segunda instância, de autoria do deputado Alex Manente (Cidadania-SP).

Eduardo respondia a críticas da deputada Érika Kokay (PT-DF), que questionou onde estaria Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) na Assembleia do Rio de Janeiro que movimentou R$ 1,2 milhão em suas contas.

– Falou anteriormente aqui a deputada que virou ré na semana passada por rachadinha [desvio de parte dos salários de servidores do gabinete]. Está querendo falar de Queiroz. O PT é o partido que mandou matar Celso Daniel. Todo mundo sabe disso – começou o filho do presidente Jair Bolsonaro.

A Polícia Civil de São Paulo concluiu que a morte do prefeito se tratou de crime comum. O Ministério Público de São Paulo, porém, sustenta que houve motivação política. Celso Daniel teria sido assassinado porque havia decidido acabar com o esquema de propina no transporte, cuja finalidade seria abastecer o caixa dois do PT. O partido sempre negou as acusações.

Nesta segunda, Eduardo negou que a PEC seja um esforço conjunto parlamentar para prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

– Agora, eles querem construir a narrativa de que nós estamos aqui trabalhando para prender o Lula – disse.

Deputados do PT reagiram ameaçando processar o filho de Bolsonaro, que rebateu.

– Pode mandar. Só enche a minha bola. Cuidado que eu vou ser eleito governador. Fizeram isso com Jair Bolsonaro e não funcionou. Obrigado, PT. Quanto mais vagabundo estiver me acusando na Justiça, melhor para mim – disse.

Eduardo afirmou que a obstrução da oposição era um “subterfúgio” para tentar “maquiar” a realidade.

– A gente está lutando aqui com medo desses milhares de presos que vão ser soltos – complementou.

Lula foi solto na última sexta (8), beneficiado por um novo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) segundo o qual a prisão de condenados somente deve ocorrer após o fim de todos os recursos. O petista, porém, segue enquadrado na Lei da Ficha Limpa, impedido de disputar eleições.

O ex-presidente foi condenado em três graus da Justiça sob a acusação de aceitar a propriedade de um tríplex, em Guarujá, como propina paga pela empreiteira OAS em troca de contrato com a Petrobras, o que ele sempre negou.

A pena do ex-presidente foi definida pelo Superior Tribunal de Justiça em 8 anos, 10 meses e 20 dias, mas o caso ainda tem recursos pendentes nessa instância e, depois, pode ainda ser remetido para o STF.

Nessa condenação, Lula já havia atingido em setembro a marca de um sexto de cumprimento da pena imposta pelo STJ. Por isso, mesmo antes da recente decisão do Supremo, ele já reunia condições para deixar o regime fechado de prisão.

Além do caso do tríplex, Lula foi condenado em primeira instância a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção e lavagem no caso do sítio de Atibaia (SP). O ex-presidente ainda é réu em outros processos na Justiça Federal em São Paulo, Curitiba e Brasília. Com exceção de um dos casos, relativo à Odebrecht no Paraná, as demais ações não têm perspectiva de serem sentenciadas em breve.

*Folhapress

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