Deputado nega ter envolvimento com desvio de emendas
Deputado deve exonerar secretário parlamentar que foi alvo de operação da PF
Pleno.News - 13/02/2025 21h45 | atualizado em 14/02/2025 12h04
O deputado federal Afonso Motta (PDT-RS) disse, após reunião com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que não tem envolvimento com o escândalo de desvio de emendas parlamentares investigado pela Polícia Federal (PF). Afonso saiu em defesa do secretário parlamentar dele, que foi alvo de uma operação deflagrada nesta quinta-feira (13).
O parlamentar acabou admitindo que deve exonerar o assessor na próxima semana.
– Em momento algum eu apareço como investigado, mas é claro que isso não diminui a nossa preocupação com as circunstâncias do nosso trabalho. A forma de proceder que sempre tivemos foi a de fazer o encaminhamento das emendas com critério, cumprindo com as formalidades – afirmou Afonso.
Quando a operação da PF foi deflagrada, Afonso Motta estava em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Ele pegou um avião para Brasília apenas para se reunir com Hugo Motta.
Segundo o parlamentar do PDT, ele ainda não conversou com o secretário parlamentar Lino Rogério da Silva, alvo da PF. Os dois moram juntos em um apartamento funcional em Brasília, que foi vasculhado pelos policiais.
Afonso Motta disse que o presidente da Câmara prestou “solidariedade” durante a conversa que durou pouco mais de duas horas no gabinete do comandante da Casa. O gaúcho afirmou ainda que está “preocupado” e “sensibilizado” e que sempre acompanha as indicações feitas pelo gabinete.
– Eu estou preocupado e sensibilizado pelo fato de que é inadmissível uma circunstância como essa que, de certa forma, atinge o meu mandato. Muito mais que a questão pessoal é o mandato que fica limitado e recebe uma censura – disse Afonso Motta.
Afonso ainda saiu em defesa do secretário parlamentar e disse que tem “certeza” de que as irregularidades apontadas pela PF incriminam o lobista Cliver André Fiegenbaum e o Hospital Ana Nery, de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande de Sul. Os policiais coletaram, porém, conversas entre o assessor Lino e Fiegenbaum que indicam um acerto de propina em troca da indicação de emendas.
– É um contrato de prestação de serviços entre esse intermediário e o Ana Nery. Não tem nada que envolva o nosso gabinete e que envolva o próprio Lino nesse processo – afirmou.
Afonso disse ainda que trabalha com o secretário há mais de 15 anos e que, após a operação da PF, ele vai desocupar o imóvel funcional em Brasília até esta sexta-feira (14).
Na manhã desta quinta, o presidente da Câmara disse que vê “com tranquilidade” a operação, deflagrada após ordem do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF).
– Vamos acompanhar. Os órgãos da Casa estão acompanhando para garantir que tudo seja conduzido da forma mais correta possível – afirmou.
A operação desta quinta foi nomeada como EmendaFest, e fez buscas em 11 endereços residenciais e comerciais ligados aos investigados em Brasília e nos municípios gaúchos de Estrela, Rosário do Sul, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Lajeado.
Durante as buscas, a PF apreendeu mais de R$ 350 mil em dinheiro vivo. Os policiais também encontraram dois celulares no forro da parede de um escritório.
Segundo Dino, as provas reunidas demonstram a participação dos investigados para o “sucesso da destinação de emendas parlamentares para o Hospital Ana Nery e a consequente apropriação por particulares de parte desses recursos”.
Segundo apurou o Estadão, a PF apurou que as propinas tinham um contrato de captação e nota fiscal. O valor combinado teria sido de 6% sobre a três emendas ao hospital, no valor total de R$ 1 milhão, nos anos de 2023 e 2024.
O PDT, partido de Afonso, deve acompanhar as investigações e uma possível punição ao parlamentar pode ser avaliado pelo conselho de ética da sigla.
*AE
Leia também1 Lula afirma que Bolsonaro e Temer "têm nojo do pobre"
2 Nova cirurgia de Tiba Camargos é adiada após intercorrências
3 Haddad fala em "aguardar" como funcionará decreto de Trump
4 Pavanato é hospitalizado e pede orações: "O corpo não é de ferro"
5 Trump fala em taxar Brics em 100% caso 'brinquem com o dólar'