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CPI da Covid ouvirá ex-ministros da Saúde e Queiroga

Governadores, o prefeito de Manaus e o pesquisador Átila Iamarino também estão cotados

Pleno.News - 19/04/2021 13h50 | atualizado em 19/04/2021 15h03

Ministros da Saúde do governo Bolsonaro, Mandetta, Teich, Pazuello e Queiroga
Ex-ministros Mandetta, Teich e Pazuello e o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga Foto: Arte/Pleno.News

O plano de trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid prevê chamar ao menos seis ministros ou ex-ministros do governo Bolsonaro para eles darem explicações sobre o enfrentamento da pandemia no país.

Uma versão preliminar do roteiro, elaborado por integrantes do colegiado, também cita a necessidade de ouvir secretários do Ministério da Saúde, autoridades responsáveis pela área de comunicação e governadores. O único prefeito citado no documento é David Almeida (Avante), de Manaus, cidade em que a rede de saúde entrou em colapso no início do ano, com pacientes morrendo asfixiados após o fim do estoque de oxigênio em hospitais.

A CPI deve colocar em foco a gestão dos militares na área da Saúde. Além do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, a lista inicial das autoridades que devem ser ouvidas inclui o ex-número dois da pasta, o coronel Élcio Franco, além do ex-comandante do Exército Edson Pujol, que será chamado para explicar a produção de cloroquina pelo laboratório ligado às Forças Armadas. O medicamento, sem eficácia comprovada contra a Covid-19, passou a ser produzido em maior escala.

O Estadão apurou que Walter Braga Netto, atual ministro da Defesa, que comandou um comitê de crise quando estava na chefia da Casa Civil, entre outros oficiais, também devem ir a um incômodo “banco dos réus” da comissão no Senado.

A CPI deve começar a funcionar nesta quinta-feira (22) ou na próxima semana. Um acordo entre a maior parte dos participantes prevê que Omar Aziz (PSD-AM) seja o presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) seja o vice e Renan Calheiros (MDB-AL) atue como relator.

O documento elaborado pelos senadores traz críticas à condução do governo Bolsonaro na crise sanitária.

“No início da pandemia, o governo federal tentou impedir que os entes federados pudessem tomar medidas para diminuir o ritmo de propagação do vírus, a exemplo de isolamento social, uso de máscaras e álcool em gel”, diz trecho do plano.

Os congressistas também mencionam a disputa travada por Bolsonaro com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O tucano foi o principal mobilizador para que a vacina Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac, chegasse ao Brasil.

Também houve, segundo o documento, “tentativas de desacreditar e retardar, por disputa ideológica, a vacina Coronavac por ter sido desenvolvida por empresa chinesa em parceria com o Instituto Butantan”.

O texto ainda argumenta que, “quando dezenas de países já tinham adquirido vacinas e preparado planos de vacinação, o Ministério da Saúde sequer havia assegurado um estoque adequado de agulhas e seringas e tampouco de vacinas”.

Os senadores ainda sugerem que a CPI funcione de forma semipresencial, sem a necessidade de que todos os parlamentares se desloquem a Brasília. “Audiências públicas e oitivas de testemunhas convocadas na qualidade de informantes poderiam ocorrer remotamente. Com relação às testemunhas que prestem compromisso e a eventuais acareações, os trabalhos podem funcionar de forma semipresencial, com apenas alguns dos senadores in loco (no local)”.

O Planalto, por meio do líder do governo no Congresso, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO), tem cobrado que a CPI funcione de forma totalmente presencial e que só comece quando os participantes estiverem vacinados. O pedido é visto como uma forma de retardar o início do colegiado que vai investigar o Poder Executivo.

A presença de Pazuello é sugerida em três oitivas de testemunhas. Os depoimentos têm o objetivo de apurar a suposta omissão do governo na falta do fornecimento de equipamentos de oxigênio para o Amazonas; no uso do aplicativo Tratecov, que estimula o tratamento precoce da Covid-19 com medicamentos de eficácia não comprovada; e o emprego de verbas públicas federais para combater a crise de coronavírus no Amazonas.

Além de Pazuello, o prefeito de Manaus também foi incluído no rol de testemunhas desejadas na sessão da CPI que quer apurar a falta de oxigênio na cidade.

Foram sugeridos ainda os nomes de Marcellus Campelo, secretário de Saúde do Amazonas; Francisco Ferreira Filho, coordenador do comitê de crise do Amazonas; Mayra Isabel Correia, Luiz Otávio Franco e Hélio Angotti Neto, secretários do Ministério da Saúde; e um representante da White Martins, fabricante de oxigênio.

Nenhum governador é citado nominalmente no documento, mas o trecho que planeja apurar repasses federais a estados e municípios cita no rol de testemunhas representantes do Fórum dos Governadores e do CONASS (Conselho Nacional de Secretários de Saúde).

Para fornecer informações em âmbito internacional sobre a aquisição de vacinas foram incluídos no plano de trabalho o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o chefe da Secretaria para Assuntos Estratégicos da Presidência, o almirante Flávio Rocha.

Para falar sobre medidas de isolamento social foram sugeridos todos os que comandaram o Ministério da Saúde do governo de Jair Bolsonaro: Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich, Pazuello e o atual ministro Marcelo Queiroga.

Especialistas também foram colocados no plano de trabalho, como o biólogo e divulgador científico Átila Iamarino, e os médicos David Uip, Roberto Kalil e Ludhmila Hajjar, que foi cotada para assumir o Ministério da Saúde antes de Queiroga e chegou a conversar com Bolsonaro.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, o secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, e o deputado Daniel Freitas (PSL-SC), relator da proposta de emenda à Constituição (PEC) que permitiu a volta do auxílio emergencial em 2021, também estão entre aqueles que os senadores querem ouvir. Eles foram mencionados no tópico que pretende apurar o funcionamento do auxílio e outras medidas de socorro financeiro durante a pandemia.

*Estadão

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