Coronel diz que 8/1 surpreendeu Braga Netto após vôlei na praia
Coronel testemunhou no STF nesta sexta-feira
Pleno.News - 23/05/2025 14h53 | atualizado em 23/05/2025 16h42

O coronel do Exército e membro do Clube Militar Waldo Manuel de Oliveira Aires disse, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (23), que ele e o general Walter Braga Netto ficaram sabendo do atos do 8 de janeiro depois de uma partida de vôlei na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, e ficaram “surpresos” com os acontecimentos.
– Pelo histórico das manifestações de conservadores, são manifestações pacíficas. Causou estranheza. A reação do general Braga Netto foi de surpresa – afirmou Aires.
O militar foi uma das testemunhas de defesa ouvidas na manhã desta sexta no processo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é acusado de suposta tentativa de golpe de Estado.
Também prestou depoimento na audiência pela manhã Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho, que trabalhou na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e é testemunha do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). À tarde, participam o ex-vice-presidente e atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, e o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo.
Aires, testemunha de Braga Netto e amigo da família, relatou que foi o filho do general que o informou sobre a depredação nas sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023.
– Pelo que eu conversei com a esposa dele, dona Kathya, eles ficaram sabendo através do telefonema do filho, que pediu para que os pais ligassem a televisão para verem o que estava acontecendo em Brasília – disse.
A testemunha disse que evitava conversar sobre política com Braga Netto durante esse período.
Braga Netto é acusado de ter participado diretamente da trama. Segundo relatório da Polícia Federal (PF), o general teria organizado em sua casa uma reunião para discutir planos do suposto golpe, pressionado militares de alta patente a aderir a empreitada e apoiado financeiramente uma tentativa de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Braga Netto foi preso preventivamente em dezembro de 2024 e permanece detido.
O procurador-geral alegou que Coelho não poderia ser ouvido como testemunha, porque ele é investigado no caso da Abin paralela e o uso indevido do sistema de espionagem FirstMile quando Ramagem era diretor da agência e pode virar réu.
– A acusação entende que essa testemunha não pode ser ouvida nessa qualidade, até porque não tem o dever de falar a verdade, não pode ser compromissada, não pode violar o direito de autoincriminação – afirmou Gonet.
O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes acatou parcialmente o pedido.
– Ele não está obrigado a dizer a verdade sobre fatos que podem o incriminar, mas advirto que em relação aos fatos que não possa se autoincriminar, em relação aos fatos que ele não está investigado, ele não pode mentir. O direito ao silêncio não é um direito amplo à mentira – disse.
*AE
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