Conselho fala em ‘colapso’ e pede ‘toque de recolher nacional’
Em carta, Conselho Nacional de Secretários de Saúde defendeu medidas severas contra a Covid-19
Pleno.News - 01/03/2021 16h05 | atualizado em 01/03/2021 16h30
Com o avanço da pandemia de Covid-19 no Brasil, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgou uma carta em que pede a adoção de uma série de medidas, como um “toque de recolher nacional” e a proibição de diversas atividades. O texto é assinado pelo presidente do Conass, Carlos Lula, e tem por objetivo “evitar o iminente colapso nacional das redes pública e privada de saúde”.
A carta aponta que o país passa pelo “pior momento da crise sanitária provocada pela Covid-19” e ressalta que os “índices de novos casos da doença alcançam patamares muito elevados em todas as regiões, estados e municípios”.
Além disso, o documento explica que o “relaxamento das medidas de proteção e a circulação de novas cepas do vírus propiciaram o agravamento da crise sanitária e social, esta última intensificada pela suspensão do auxílio emergencial”.
Por isso, o Conass sugeriu um “maior rigor nas medidas de restrição das atividades não essenciais”, entre elas a “proibição de eventos presenciais como shows, congressos, atividades religiosas, esportivas” e outros.
Também pediu um “toque de recolher nacional a partir das 20h até as 6h da manhã e durante os finais de semana”, o “fechamento das praias e bares”, a “adoção de medidas para redução da superlotação nos transportes coletivos” e “suspensão das atividades presenciais de todos os níveis da educação do país”.
Outros pontos destacados pelo Conselho foram o “reconhecimento legal do estado de emergência sanitária”, a disponibilização de mais recursos para o SUS, a implementação de um “Plano Nacional de Comunicação”, a “aprovação de um Plano Nacional de Recuperação Econômica” e ainda mudanças na legislação para a “compra de todas as vacinas eficazes e seguras disponíveis no mercado mundial”.
Leia a carta completa:
CARTA DOS SECRETÁRIOS ESTADUAIS DE SAÚDE À NAÇÃO BRASILEIRA
O Brasil vivencia, perplexo, o pior momento da crise sanitária provocada pela COVID-19. Os índices de novos casos da doença alcançam patamares muito elevados em todas as regiões, estados e municípios. Até o presente momento, mais de 254 mil vidas foram perdidas, e o sofrimento e o medo afetam o conjunto da sociedade.
A ausência de uma condução nacional unificada e coerente dificultou a adoção e implementação de medidas qualificadas para reduzir as interações sociais que se intensificaram no período eleitoral, nos encontros e festividades de final de ano, do veraneio e do carnaval. O relaxamento das medidas de proteção e a circulação de novas cepas do vírus propiciaram o agravamento da crise sanitária e social, esta última intensificada pela suspensão do auxílio emergencial.
O recrudescimento da epidemia em diversos estados leva ao colapso de suas redes assistenciais públicas e privadas e ao risco iminente de se propagar a todas as regiões do Brasil. Infelizmente, a baixa cobertura vacinal e a lentidão na oferta de vacinas ainda não permitem que esse quadro possa ser revertido em curto prazo.
O atual cenário da crise sanitária vivida pelo país agrava o estado de emergência nacional e exige medidas adequadas para sua superação. Assim, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) manifesta-se pela adoção imediata de medidas para evitar o iminente colapso nacional das redes pública e privada de saúde, a saber:
a) Maior rigor nas medidas de restrição das atividades não essenciais, de acordo com a situação epidemiológica e capacidade de atendimento de cada região, avaliadas semanalmente a partir de critérios técnicos, incluindo a restrição em nível máximo nas regiões com ocupação de leitos acima de 85% e tendência de elevação no número de casos e óbitos. Para tanto, são necessárias:
A proibição de eventos presenciais como shows, congressos, atividades religiosas, esportivas e correlatas em todo território nacional;
A suspensão das atividades presenciais de todos os níveis da educação do país;
O toque de recolher nacional a partir das 20h até as 6h da manhã e durante os finais de semana;
O fechamento das praias e bares;
A adoção de trabalho remoto sempre que possível, tanto no setor público quanto no privado;
A instituição de barreiras sanitárias nacionais e internacionais, considerados o fechamento dos aeroportos e do transporte interestadual;
A adoção de medidas para redução da superlotação nos transportes coletivos urbanos;
A ampliação da testagem e acompanhamento dos testados, com isolamento dos casos suspeitos e monitoramento dos contatos;
b) O reconhecimento legal do estado de emergência sanitária e a viabilização de recursos extraordinários para o SUS, com aporte imediato aos Fundos Estaduais e Municipais de Saúde para garantir a adoção de todas as medidas assistenciais necessárias ao enfrentamento da crise;
c) A implementação imediata de um Plano Nacional de Comunicação, com o objetivo de reforçar a importância das medidas de prevenção e esclarecer a população;
d) A adequação legislativa das condições contratuais que permitam a compra de todas as vacinas eficazes e seguras disponíveis no mercado mundial;
e) A aprovação de um Plano Nacional de Recuperação Econômica, com retorno imediato do auxílio emergencial.
Entendemos que o conjunto de medidas propostas somente poderá ser executado pelos governadores e prefeitos se for estabelecido no Brasil um “Pacto Nacional pela Vida” que reúna todos os poderes, a sociedade civil, representantes da indústria e do comércio, das grandes instituições religiosas e acadêmicas do País, mediante explícita autorização e determinação legislativa do Congresso Nacional.
Carlos Lula
Presidente do Conass”
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