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Comissão da Mulher tem bate-boca sobre mulher biológica e trans

Deputadas discursam sobre a perda de espaços para o público trans e são acusadas de transfobia

Leiliane Lopes - 30/08/2023 21h37 | atualizado em 31/08/2023 20h17

Deputadas Cristiane Lopes e Erika Hilton Fotos: Will Shutter | Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados

Durante sessão da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (30), duas parlamentares discutiram em razão da posição sobre quais mulheres devem ser defendidas.

O grupo de deputados discutia sobre propostas legislativas quando Cristiane Lopes (União Brasil-RO) pediu ao grupo que defenda as mulheres biológicas que cada vez mais estão perdendo seus espaços.

A deputada citou as questões envolvendo a participação de mulheres trans no esporte feminino e até em competições de beleza.

– Cada vez mais estamos perdendo nossos espaços. Por exemplo, as mulheres trans estão no esporte tomando o lugar das mulheres, estão tomando o lugar nos desfiles das festas agropecuárias. Então isso me preocupa; também essa discussão que estamos tendo aqui, daqui a pouco teremos cotas em concursos públicos para mulheres trans e as mulheres, cada vez mais, estarão perdendo seus espaços não só para os homens, mas também para as mulheres trans – disse.

Lopes continuou sua falando dizendo que mulher biológica tem que ser defendida, caso contrário, estará sendo forçada a voltar para o espaço doméstico que, mesmo sendo um lugar digno, não deve ser o único espaço a ser ocupado por quem nasceu mulher.

A deputada Coronel Fernanda (PL-MT) também entrou no debate e disse que não se trata de discriminação, mas sim de atributos inatos que são diferentes entre homens e mulheres. Ela citou, como exemplo, provas físicas em concurso público onde as mulheres trans (homens biológicos) terão melhor desempenho que as mulheres biológicas.

– A mulher biológica não pode ser preterida em, nem dividir espaço com mulher trans. Com todo respeito, a mulher trans tem que buscar um espaço para elas, mas não ocupar o lugar das mulheres – declarou.

A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) foi a primeira a dizer que as declarações da deputada Cristiane Lopes foi desrespeitosa e criminosa e deixou seu tempo de fala para que sua colega de partido, Erika Hilton (PSOL-SP), que é uma mulher trans, se defendesse.

Hilton se revoltou com a fala da deputada rondoniense e fez um discurso crítico, dizendo que a parlamentar cometeu transfobia ao definir as mulheres pelo fator biológico.

– Nós sabemos muito bem o que está colocado na centralidade desse discurso e nessa narrativa que quer excluir a mulheridade de pessoas trans e travestis (…). Tentar usar características biológicas para tentar excluir, desqualificar a mulheridade de mulheres trans e travestis é sim transfobia. Transfobia escrachada! – declarou.

Hilton defendeu a inclusão das mulheres trans citando a questão da prostituição e o alto número de assassinatos dentro da comunidade.

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“MULHERIDADE” É TERMO DA TEORIA QUEER
A deputada Hilton repetiu diversas vezes a palavra “mulheridade”, um termo cunhado pela teoria queer que significa “a performance do papel de gênero feminino”.

Nesse sentido, qualquer pessoa com “comportamento feminino” possui sua “mulheridade”, ainda que não seja, de fato, uma mulher.

Outro grupo político identitário que utiliza “mulheridade” é movimento feminista que considera o papel de gênero feminino como um “estereótipo sexista” baseado na “misoginia”.

Vale lembrar que além de transexuais [masculinos e femininos] e travestis, a teoria queer fala também de pessoas de gênero neutro e de pessoas de gênero fluído que também possuem suas “mulheridades”.

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