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Com discurso de político, Huck alfineta Marcelo Crivella

Declarações foram dadas em evento realizado na capital paulista

Ana Luiza Menezes - 09/09/2019 22h50

Luciano Huck Foto: Divulgação/TV Globo

Em reedição do discurso oficial de que é um cidadão interessado em ajudar o Brasil, o apresentador e empresário Luciano Huck exibiu a uma plateia de executivos, nesta segunda-feira (9), em São Paulo, uma fala cheia de recados políticos e algumas alfinetadas.

Ele, que esteve perto de se candidatar a presidente da República em 2018 e é considerado peça do xadrez eleitoral para a sucessão de Jair Bolsonaro (PSL), pregou combate ao que chamou de “retórica belicista que não leva a nada”.

– Eu não convivo bem com a polarização. Eu não sou um cara do grito, de falar alto. Eu não enxergo as pessoas que pensam diferente de mim como inimigos – afirmou Huck.

Suas declarações foram dadas durante seminário promovido pela revista Exame no auditório do hotel Unique, no Jardim Paulista, Zona Oeste da cidade.

Descrevendo-se como alguém “com a cabeça aberta”, o apresentador da TV Globo reiterou que o Brasil precisa se debruçar sobre problemas urgentes como a falta de mobilidade social e o atraso na educação.

Enquanto desfiava histórias de pessoas que conheceu ao viajar o país para gravações do programa Caldeirão do Huck, ele cobrou soluções para a desigualdade, a miséria e as favelas.

– A gente não acha que a gente vai discutir redução de desigualdade ou solução para a favela no Brasil com um monte de gente branca, rica, sentada numa mesa na Faria Lima – disse.

Ele também exaltou a necessidade de esforços conjuntos. Faria Lima é uma avenida nobre de São Paulo que concentra escritórios de grandes empresas.

– Se a gente não fizer nada, este país vai implodir. O abismo social é gigantesco, a desigualdade social é gritante. É inaceitável. Estou falando do fundo do meu coração.

Huck conclamou a elite a abandonar a indiferença e “colocar a mão na massa” para buscar uma transformação no país.

– Isso não é um projeto pessoal, isso não é um projeto de poder, isso não é um projeto político. É um projeto de país – falou.

Seu discurso deixou em parte da plateia a sensação de que já fala como pré-candidato, embora em público ele não confirme o status.

Luciano, que falou ter um sonho maior, “de um país maior, mais eficiente, menos desigual, afetivo em relação às pessoas”, despistou quando foi questionado no palco sobre candidatura. Ele saiu sem dar entrevista aos jornalistas que cobriam o seminário.

– Espero não estar sendo ingênuo – disse duas vezes em sua participação no evento.

O apresentador se movimenta no cenário político ancorado na posição de entusiasta dos movimentos cívicos que buscam renovação política. Ele é um dos integrantes do Agora! e também atua como garoto-propaganda do RenovaBR.

– Eu quero ser um cidadão cada vez mais ativo, eu quero contribuir como for possível para que o Brasil seja um país mais eficiente e mais afetivo – afirmou o apresentador.

Huck não é filiado a partido, mas tem proximidade com líderes de siglas como Cidadania (antigo PPS), DEM, Rede e PSDB. O apresentador também usou o microfone para cutucar o ex-presidente Lula (PT).

– A gente precisa de uma narrativa conciliadora no Brasil. Não dá para ficar brigando com todo mundo, discutindo, iludindo as pessoas. E, olha, não é de hoje. Já usaram muito a retórica do ‘nunca antes na história deste país’. Não é verdade – argumentou.

Ele também lançou uma indireta para o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB-RJ), pela decisão de censurar, na Bienal do Livro, o gibi Vingadores – A Cruzada das Crianças, que retrata um beijo entre dois super-heróis homens.

– De coração, acho que o povo para valer não está preocupado com como é que é o desenho do casal que está no gibi da Marvel. As pessoas querem saber como a vida delas pode melhorar de verdade. É só isso – disse Huck, despertando aplausos.

Sobre o governo de Bolsonaro, sua única referência explícita foi à área econômica, mas sem pronunciar o nome do presidente.

– A agenda econômica deste governo é correta – opinou.

A participação de Huck no evento da Exame foi precedida por uma mesa com parlamentares frequentemente citados pelo apresentador como bons exemplos da chamada nova política. Ele chegou a tempo de ouvir a conversa para a qual foram convidados os deputados federais Vinicius Poit (Novo-SP), Tiago Mitraud (Novo-MG) e Felipe Rigoni (PSB-ES) –os três apoiados pelo RenovaBR, escola de formação política que o comunicador incentiva.

Huck afirmou que ele e os parlamentares estão “imbuídos da mesma causa, que é qualificar o debate, tentar melhorar o capital humano na política brasileira, independentemente das matrizes ideológicas”.

*Folhapress/Joelmir Tavares

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