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Ciro ataca o ex-aliado Lula: “Encantador de serpentes”

Ex-ministro de Lula disse que ele tem "absoluta falta de caráter"

Gabriela Doria - 11/11/2019 22h00

Ciro Gomes voltou a atacar Lula após saída da prisão Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Com forte retórica antipetista, o ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) desferiu críticas ao ex-presidente Lula (PT), chamado por ele de “encantador de serpentes”, e atacou a postura do petista depois que foi libertado da prisão.

– Ele está fazendo de conta que é candidato, como se ele tivesse sido inocentado. O Lula simplesmente está devolvido à rua, onde aguardará em liberdade como qualquer paciente tem direito de estar, aguardando o trânsito em julgado da sua sentença – disse o pedetista nesta segunda-feira (11).

Ciro deu as declarações à imprensa ao chegar a uma palestra para alunos da Faculdades Metropolitanas Unidas, na região central de São Paulo.

– O Lula é um encantador de serpentes. Eu o conheço muito de perto, há mais de 30 anos – descreveu.

O ex-presidenciável, que terminou as eleições de 2018 em terceiro lugar, evitou declarar apoio a Fernando Haddad (PT) no segundo turno e busca, desde então, se distanciar do petismo.

Entre os comentários, Ciro afirmou que Lula historicamente adota “a presunção de que as pessoas são ignorantes” e de que ele pode “navegar nisso” com base em intrigas e na “absoluta falta de escrúpulo que o caracteriza”.

– E é lamentável, porque agora o mal que ele faz ao Brasil é muito grave, muito extenso – sentenciou ele, que foi ministro da Integração Nacional no governo Lula, entre 2003 e 2006.

O ex-presidenciável suavizou a fala ao dizer que, como cidadão, celebra a soltura do adversário, por achar que comemorar o fato de alguém estar preso não seja algo sadio.

Ciro reiterou ser contra a prisão imediata após condenação em segunda instância e se opor à aprovação de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) no Congresso para reverter a posição cristalizada pelo Supremo Tribunal Federal na semana passada.

Após a decisão da corte, na quinta-feira (7), Lula pediu para ser libertado e deixou a prisão no dia seguinte, sexta (8).

– Constituição não é cueca, que a gente fica trocando necessariamente pela sujeira do dia a dia. Eu estou falando com uma certa dureza porque, ou a gente se compenetra disso, ou este país vai virar definitivamente uma república de bananas – disse Ciro.

Para ele, que tem formação em direito, a Carta Magna é clara ao estabelecer a presunção de inocência até o trânsito em julgado da sentença condenatória.

– Contra essa cláusula não pode haver emenda, porque é cláusula pétrea. O que nós precisamos corrigir no Brasil, e temos que fazê-lo seriamente, é acabar com a maluquice, que foi criada pela nossa elite para garantir a si mesma a impunidade, de ter quatro graus de jurisdição para crimes comuns – declarou.

Para o ex-ministro, o país precisa parar de fazer “não só legislação, mas também julgamentos, ao sabor dos humores do dia a dia”, em uma alusão à mudança de entendimento do STF, que alterou a visão sobre o tema três vezes em 11 anos.

Ciro disse ainda que “o lulopetismo virou uma bola de chumbo amarrando o Brasil ao passado” e que a liberdade dele interessa também a seu maior antagonista, o presidente Jair Bolsonaro (PSL).

– Tudo o que eles querem é isso [polarização]. São as duas faces da mesma moeda. Para não dizer que sejam iguais, há uma distinção aí: que o Lula paralisou as privatizações e usou as estatais para cooptar, subornar, comprar gente para o seu projeto de poder. E o Bolsonaro está acelerando as privatizações, internacionalizando dramaticamente a economia brasileira. E essa é a tragédia brasileira, uma polarização que é só no fetiche, só no adjetivo – afirmou, chamando de semelhante a política econômica dos governos de ambos.

Ciro voltou a descartar uma aliança com o PT, partido que ele considera buscar um protagonismo no campo da esquerda sufocando outras siglas e líderes.

– Eu, enquanto puder andar no PDT, nunca mais andarei com a quadrilha que hoje hegemoniza o PT – afirmou.

Em uma contemporização, disse rechaçar os petistas “da burocracia”, mas apoiar o que classificou como “petistas médios” (deu como exemplos da segunda categoria os governadores do Ceará, Camilo Santana, da Bahia, Rui Costa, e do Piauí, Wellington Dias).

– Meu problema é com a cúpula corrompida do lulopetismo. Com essa gente, não me junto nem para ir para o céu – declarou.

*Folhapress

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